Em tempos de ano novo, todo mundo faz metas, muitas lembradas só lá em novembro, quando o ano já está novamente acabando. Mas algumas requer mais do que simplesmente querer mudar, mas sim precisar da mudança, principalmente quando a saúde está em jogo. Parar de fumar é uma delas.

Um estudo britânico recente, feito por pesquisadores da universidade King's College London, na Inglaterra, diagnosticou que o cigarro "apodrece" o cérebro ao danificar a memória, o aprendizado e o raciocínio lógico. A fumaça de cigarro é uma das causas para o estabelecimento de doenças do coração, assim como câncer de boca, garganta e doenças pulmonares. Em suma, não fez bem nenhum.

Segundo informações do Instituto do Câncer, uma pessoa que para de fumar já começa a ter benefícios após 20 minutos, pois a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal, após 2 horas não há mais nicotina circulando no seu sangue. Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza e de 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor. Dois dias sem fumar faz o olfato perceber melhor os cheiros e o paladar já sente melhor o sabor da comida. Após três semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora. Em um ano, o risco de morte por infarto já se reduziu à metade de 5 a 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.

Parar de fumar foi a meta da dona de casa Vera Lucia Ferreira, de São José do Rio Preto (SP). Com 50 anos, ela fumava há 35 anos e parou antes até do ano acabar. “Não esperei 2013 chegar para decidir parar de fumar. Quando eu pensei no que eu gostaria de mudar no próximo ano já parei, procurei ajuda e estou há três meses sem cigarro. Minha meta este ano é conseguir manter a promessa”, comentou.

A ajuda buscada por ela foi num programa de prevenção de doenças em um plano médico particular da cidade, que também é oferecido gratuitamente na rede pública de saúde de Rio Preto desde 2009. O primeiro centro foi instalado na unidade básica de saúde do bairro Santo Antônio, o segundo em fevereiro de 2011 na UBS do Solo Sagrado e o último, em março deste ano, na UBSF Vila Toninho. Em todos os centros antibagismo do município, as equipes são formadas por enfermeira, médico clínico geral e psicóloga, todos capacitados pelo Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), segundo critérios do Instituto do Câncer (Inca) e tem o objetivo de fazer reuniões que orientem e acompanhem o paciente que queira deixar de fumar.

Segundo a enfermeira Maria Luiza Camuri Machado, coordenadora do grupo antitabagismo de uma rede particular de saúde, ao parar de fumar, o corpo reage com síndrome de abstinência, pois a falta da nicotina é uma reação de readaptação natural do organismo. “A síndrome manifesta-se através de sintomas físicos e emocionais, que muitas vezes são prontamente evitados com uma nova ingestão da substância. Cria-se, então, um círculo vicioso onde passamos a fumar não mais por prazer, e sim para evitarmos o desprazer dos sintomas da síndrome de abstinência. Aí está um erro típico”, comenta Maria Luiza.

O fumo é responsável por 30% das mortes por câncer e 90% das mortes por câncer de pulmão. Os outros tipos de câncer relacionados com o uso do cigarro são: câncer de boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero.

A nicotina é encontrada em todos os derivados do tabaco (charuto, cachimbo, cigarro de palha, etc.) é a droga que causa dependência psicoativa, isto é, produz a sensação de prazer, que pode induzir ao abuso e à dependência. Considerada uma droga bastante poderosa, a nicotina atua no sistema nervoso central como a cocaína, heroína, álcool, com uma diferença: chega ao cérebro em apenas 7 a 19 segundos. É normal, portanto, que, ao parar de fumar, os primeiros dias sem cigarros sejam os mais difíceis, porém as dificuldades tendem a ser menores a cada dia .

De acordo com a psicóloga Thaysa Castro Molina, integrante de um grupo antitabaco, procurar atividades prazerosas é fundamental nesta etapa de abandono do cigarro, como exercícios físicos, técnicas de relaxamento e lazeres em geral. “É esperado que a pessoa faça de três a quatro tentativas antes de parar definitivamente. Esse dado nos mostra a necessidade da atuação de profissionais especializados e técnicas eficazes para o tratamento do tabagismo. Divulgue a sua decisão entre familiares, amigos e colegas de trabalho, para que eles auxiliem e estimulem a vida sem cigarro. Participar de um grupo antitabagismo também ajuda muito”, comenta Thaysa.

Parar de fumar engorda?
Alguns dados mostram que a fome pode aumentar quando as pessoas param de fumar. Segundo psicóloga Thaysa Castro Molina, caso isso aconteça, é necessário manter uma dieta equilibrada e evitar tomar café e bebidas alcóolicas, pois podem ser um convite ao cigarro.

“Fumantes tendem a ser mais extrovertidos, ansiosos, tensos, impulsivos e com mais traços de neuroticismo, psicoticismo e histórico de distúrbios depressivos e traços de ansiedade, em relação aos ex-fumantes e não-fumantes”, comenta Thaysa.

No entanto, a ausência do cigarro não deve ser substituída por outros hábitos, muito menos alimentares como chupar uma bala ao invés do cigarro, ou trocá-lo por chocolate, como é comum se ouvir. “A pessoa deve estar motivada a parar de fumar, assim ela vai aprender que mudando seus hábitos de vida como alimentação e atividade física, ele não vai precisar substituir o vício por outro”, finaliza Thaysa.

Serviço municipal de tratamento antitabagismo
- UBSF Vila Toninho
Rua Maria Onofre Lopes dos Santos, 610 - Vila Toninho
Inscrição para lista de interesse no tratamento - Segunda a sexta-feira, das 8h às 22h. Atendimento todas as segundas e terças.

- UBS Solo Sagrado
Rua Beatriz da Conceição, 406 - Solo Sagrado
Inscrição para lista de interesse no tratamento - Segunda a sexta-feira, das 8h às 22h. Atendimento todas as quartas-feiras.

- UBS Santo Antônio
Rua Ida Tagliavini Polachini, 580 - Santo Antônio
Inscrição para lista de interesse no tratamento - Segunda a sexta-feira, das 8h às 22h. Atendimento todas as quintas-feiras.