Três estudantes que ficaram pelados durante um trote no campus de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) foram indiciados pela Polícia Civil por ato obsceno. De acordo com o delegado Aldo Donisete Del Santo, titular da 3ª DP de São Carlos, a primeira audiência no juizado especial foi marcada para abril. Se condenados, eles podem pegar pena de um ano de prisão, que pode ser convertida em pagamento de multa ou prestação de serviços comunitários.

Além de tirar a roupa e mostrar os órgãos sexuais, os alunos teriam feito gestos obscenos contra um grupo de feministas que protestava contra o "Miss Bixete", uma espécie de concurso de beleza a que as novatas são submetidas. O delegado disse que os três jovens se apresentaram na delegacia na sexta-feira, para prestar depoimento.

"Eles disseram que estavam participando da festa e acabaram entrando na brincadeira, mas sem a intenção de ofender ninguém", afirmou Aldo Donisete. O trote ocorreu no final de fevereiro. A denúncia à polícia foi apresentada pelo Ministério Público de São Carlos.

A USP abriu uma investigação para apurar o que aconteceu e os alunos envolvidos podem ser punidos com advertência ou até com expulsão. Em nota, o Coletivo das Mulheres, responsável pela manifestação durante o trote, disse que o Miss Bixete é um concurso pensado para reproduzir "o padrão das mulheres como mero objeto ao fetiche masculino" e que o grupo decidiu protestar, de forma pacífica, a um ato questionável feito dentro do espaço público da universidade. "Desde o princípio, no entanto, sofremos todos os tipos de agressão verbal e simbólica".