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Rede elétrica subterrânea pode reduzir apagões, dizem especialistas

Terra

A construção da rede elétrica subterrânea pode ser a solução definitiva para as quedas de energia que atingem a cidade nos temporais. 'Se o sistema fosse todo subterrâneo, não teria problema algum. Por exemplo, em Paris é tudo subterrâneo e eles não têm esse problema', diz o professor da Universidade de Campinas (Unicamp) José Pissolato, especialista em alta tensão.

Segundo o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, (FAU-USP), Bruno Padovano, além de proteger a fiação da queda de árvores, galho e raios, o modelo traz ganhos urbanísticos. Para o especialista, esse tipo de sistema ajuda a construir 'uma paisagem urbana mais qualificada em termos visuais e mais segurança, especialmente para o transeunte e o motorista. 'A constante poda de árvores é outro problema que seria evitado'.

O sistema subterrâneo é muito mais caro do que o aéreo. 'Na rede aérea é muito mais barato fazer manutenção. Na subterrânea você tem que abrir buraco e fazer toda a isolação que é muito mais cara que uma linha aérea ', destaca Pissolato. O especialista explica que esse investimento tem retorno a longo prazo, com a redução dos desligamentos da rede por fatores externos.

Para Bruno Padovano os altos custos podem ser amortizados com os ganhos políticos de menos transtornos para o cidadão e o deleite do turista.

A rede elétrica subterrânea na capital paulista está prevista em uma lei municipal de 2005. O texto prevê a instalação subterrânea anual de 250 quilômetros de cabos. A Eletropaulo, concessionária responsável pela distribuição de energia na capital, não esclareceu se, em alguma medida, cumpre o determinado pela legislação. A empresa informou, porém, que apresentou à prefeitura um estudo sobre isso.

Na opinião de Padovano, o ideal seria começar a refazer a rede elétrica a partir dos locais com maior densidade populacional. 'Seria interessante começar a partir dos grandes eixos viários (avenidas) e lugares de concentração pública e arbórea (parques, praças) e em lugares altos, onde não há tanto risco de enchente que possa afetar as redes subterrâneas'.

O professor destacou que é importante fazer a mudança em conjunto com um projeto urbanístico completo. 'Definindo todos os elementos paisagísticos, infraestruturais e arquitetônicos incluindo iluminação pública, comunicação visual e mobiliário urbano'.

Mesmo reconhecendo que a queda de árvores e raios causam parte das interrupções no fornecimento de energia, José Pissolato ressalta que a falta de manutenção adequada pode piorar os problemas. 'Se o sistema está velho e não consegue repor a energia em um curto espaço de tempo. Ou se realmente queima um transformador porque a sobretensão foi muito alta, aí é problema de manutenção', disse, para explicar como a falta de investimentos preventivos pode causar cortes de energia para a população.

No último dia 4, a Eletropaulo foi multada pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) em R$ 6,9 milhões. A sanção corresponde às infrações de manter carga acima de admissível em subestações, linhas e circuitos, e à falta de manutenção dos equipamentos. No último ano, a agência aplicou R$ 21,8 milhões em multas à companhia, incluíndo a do início do mês.

A concessionária que atende à capital informa que em 2012 investiu mais de R$ 830 milhões em manutenção e expansão do sistema. Segundo a empresa, no ano passado, a média do tempo de interrupção no fornecimento caiu19,4% em relação a 2011, ficando de 8,35 horas. O número médio de vezes em que faltou luz foi 14,9% menor do que no ano anterior (4,64 vezes). De acordo com a companhia, os números são ' resultado das melhorias implantadas pela distribuidora'.
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