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Notícias / Meio Ambiente

Descarte de lixo em rede de esgoto provoca transtornos e prejuízo de R$ 28 milhões por ano em SP

R7

Parece óbvio, mas muita gente ignora. Apesar de provocar transtornos e prejuízo, o descarte de lixo no vaso sanitário é uma prática comum. De acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), entre os materiais que mais obstruem as redes de esgotos estão óleos e gorduras, restos de comida, preservativos, absorventes, fraldas descartáveis, embalagens de remédios e de produtos de beleza, calcinhas, cuecas, panos de prato e de limpeza.

Alguns resíduos encontrados nas redes coletoras chamam a atenção por serem inusitados. Segundo a companhia, já foram recolhidos cápsulas de bala de revólver e de drogas, bolas (de parque de diversões e shoppings, de tênis e tênis de mesa) e até animais mortos. Brinquedos também são encontrados com frequência.

Jairo Tardelli Filho, gerente de departamento da Sabesp, enfatiza que a principal consequênciada da utilização do vaso sanitário ou da pia da cozinha para o descarte de lixo é a obstrução das instalações domiciliares — que causa o refluxo do esgoto no interior do imóvel — e da rede coletora — que provoca refluxo de esgoto na rua e em casas vizinhas.

— As redes de esgoto são construídas para receber 99% de material líquido e apenas 1% de material sólido, ou seja, as tubulações instaladas nos imóveis devem receber apenas a água que já foi utilizada na pia da cozinha e do banheiro, no chuveiro, no tanque ou no vaso sanitário.

Prejuízos

Para as empresas de saneamento, a utilização inadequada das redes de esgoto resulta no aumento do número de atendimentos de manutenção, risco de danos às instalações das estações de tratamento, impactando na prestação de serviços, conforme destaca Tardelli.

— Ocorrem cerca de 42.000 obstruções de ramais de esgotos por ano. Os gastos somente com a desobstrução desses ramais domiciliares são de R$ 28 milhões por ano, na área operada pela Sabesp na Região Metropolitana de São Paulo.

O gerente de departamento lembra que a população também sofre consequências diretas, como risco de enchentes, mau cheiro, exposição a vetores e pragas urbanas, aumentando as chances de epidemias.

8,5 toneladas de resíduos

De acordo com estudo técnico realizado no ano passado pela Sabesp na ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) ABC, por mês, cerca de 8,5 toneladas de resíduos ficam retidos nas grades durante o processo de tratamento preliminar do esgoto, etapa em que são removidos os sólidos que chegam à estação.

Entre os materiais encontrados com mais frequência estão fibras e fiapos (51%), seguidos de tecidos de algodão e celulose (23%) e plásticos (14%).

O estudo identificou ainda uma grande presença de TNT (Tecido Não Tecido), usado na confecção de fraldas descartáveis, absorventes, panos de limpeza e lenços umedecidos.

Conexão clandestina

Além do descarte de lixo em vasos sanitários e pias, outro vilão, segundo a Sabesp, é a conexão clandestina de água de chuva nas redes de esgoto. Jairo Tardelli Filho destaca que essa situação é a principal causadora transbordamentos de poços de visita em dias de chuva, “pois as redes coletoras de esgoto não são projetadas para transportar as águas de chuvas”.

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