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Homem que matou skatista xingou vítima após atropelamento, diz amiga

G1

O motorista Tiago da Silva que atropelou e matou um skatista, na madrugada deste domingo (24), em Guarulhos, na Grande São Paulo, xingou a vítima de “moleque” após o atropelamento, segundo relatou uma testemunha ao G1.

“O assassino saiu do carro, xingou e reclamou, dizendo: ‘o que este moleque estava fazendo na rua?’. Em uma das vezes gritou, dizendo que o ‘moleque’ não era da família dele”, disse uma estudante de 20 anos, amiga do adolescente Gabriel Luiz da Silva Pinto. O garoto de 15 anos morreu na frente da jovem, do namorado dela e de outros oito colegas que andavam de skate, por volta das 3h do domingo, na esquina das ruas Noel Rosa e Corifeu de Azevedo Marques, no Jardim Paraventi.

Tiago, de 26 anos, foi preso logo após o acidente. Segundo a polícia, ele estava bêbado e não possui habilitação. Nesta segunda-feira (25), ele foi levado para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, na Zona Oeste da capital. Procurado pelo G1, Mário Benedito da Silva, pai do atropelador, afirmou que a família não vai se pronunciar e que já foi contratado um advogado para defender o filho.

A moça que presenciou o acidente contou ainda que foi agredida pelo condutor do Volkswagen Saveiro quando tentava anotar a placa do veículo. Com medo de eventuais represálias por parte do atropelador, ela só aceitou falar sob a condição de que seu nome e rosto não fossem divulgados.

"Ele saiu do carro e tentou arrancar a placa traseira para ninguém anotá-la. Vendo isso, algumas pessoas que já estavam no local o puxaram. Nisso, a placa caiu no chão. Peguei a placa no chão e estava anotando o número, ele veio para cima de mim, pegou a placa da minha mão. Com a placa, acertou meu namorado na cabeça e meu olho”, disse ela, que figura como vítima de agressão no boletim de ocorrência registrado no 1º Distrito Policial Guarulhos. A estudante teve um pequeno corte na pálpebra, que ficou inchada. Apesar disso, a lesão não afetou sua visão.



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“O carro veio na reta. Posso afirmar que pelo menos a mais de 80 km/h. Estava na contramão e entrou na curva sem frear. Veio em uma velocidade tão grande que não tivemos tempo nem de gritar algo para tentar avisar o Gabriel. Foi nesse momento que atropelou o Gabriel, o arremessou a uma distância de 20 metros, e ele subiu a uma altura entre 10 a 15 metros, caindo direto no asfalto”, lembrou a estudante.

Além da lesão corporal contra a estudante, Tiago foi indiciado por homicídio por dolo eventual (quando assume o risco de matar), dirigir sem habilitação e embriaguez ao volante (teste do bafômetro acusou 0,71 mg de álcool – a partir de 0,34 é considerado crime). Segundo policiais que atenderam a ocorrência, ele teria dito que bebeu seis latas de cerveja.

No seu interrogatório, Tiago preferiu não falar sobre o acidente, se reservando ao direito constitucional de se manter em silêncio e só dizer algo a respeito do ocorrido em juízo.

Na única declaração que deu à delegada Vanessa Chagas, o comerciante disse que trabalha numa empresa de telefonia no Shopping Internacional de Guarulhos e que a Saveiro tinha sido emprestada a ele por seu patrão. A polícia intimou o proprietário do estabelecimento comercial para prestar esclarecimentos. Apesar disso, até a manhã desta terça-feira (26) ele ainda não havia se apresentado no 1º DP para depor.

Caso fique comprovado que a Saveiro pertença ao patrão de Tiago e tenha sido emprestada ao comerciante, o dono do veículo poderá ser responsabilizado criminalmente por isso. “O artigo 310 do CTB diz que quem empresta veículo para pessoa não habilitada comete crime. A pena é menor que 3 anos, geralmente convertida em multa ou prestação de serviços”, disse a delegada.

No local indicado por Tiago como sendo o do seu trabalho, funcionários da empresa disseram ao G1 desconhecer o comerciante como um dos empregados. Apesar disso, um gerente de um lava-rápido do shopping confirmou que ele levava o carro do dono da empresa para lavar, vestindo, inclusive, o uniforme com logo da telefonia.
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