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Novos profissionais da saúde auxiliam familiares de vítimas da Kiss

G1

Dois meses depois, familiares e amigos das 241 vítimas do incêndio do dia 27 de janeiro na boate Kiss, em Santa Maria, tentam retomar a rotina e superar as perdas. Desde o dia da tragédia, eles contam com uma rede de apoio formada para oferecer assistência. Os atendimentos, realizados no prédio do Centro de Atenção Psicossocial (Caps), nos próximos dias serão prestados em outro em endereço, ainda não divulgado. Mais de 40 novos profissionais da saúde devem ser contratados pelo município para se dedicar principalmente à atividade, como mostra a reportagem do Bom Dia Rio Grande, da RBS TV (veja o vídeo).

Conforme a prefeitura, já se apresentaram 32 servidores. Nos próximos dias será publicado novo edital de chamamento com prazo para apresentação dos demais. Foram abertas 42 vagas.

Os novos enfermeiros, técnicos em enfermagem, psicólogos, psiquiatras, clínicos gerais e assistentes sociais estão recebendo orientações sobre o trabalho nesta semana. Mais de dois mil atendimentos foram realizados até o momento. Entre eles, está o caso da família da pequena Joana, nascida há menos de duas semanas. O pai dela, João, tinha 29 anos e trabalhava na Kiss. Ele morreu depois de socorrer quatro pessoas e voltar à boate para tentar salvar mais uma.


"A Joana veio para trazer um pouco de alegria para toda a família. Sem contar que ela é a cara dele (do pai)", diz a mãe, Patrícia Carvalho.

Assim como Patrícia, os familiares das amigas Vitória, Andriele, Flávia, Gilmara e Mirela uniram forças para tentar amenizar a dor. Após a tragédia, as famílias se aproximaram e estão criando uma ONG para continuar o trabalho das jovens que arrecadavam doações para instituições carentes.

"É uma maneira de a gente levar a vida em frente, a gente não pode desanimar. E eu sei que elas, de lá, estão nos ajudando", fala emocionada a mãe de Flávia, Fani Vilanova Torres. "Nossa intenção é seguir o trabalho delas, não apenas doando alimentos, mas criando uma estrutura forte para a escola, onde tenha atenção para a saúde, questões sociais. Pretendemos também fazer vínculos com universidades", acrescentou a prima Marília Torres Ribeiro.

Para José Otávio Binato, médico de adolescentes e terapeuta familiar, cada pessoa tem um determinado tempo para superar a dor e isso precisa ser respeitado. "Você começa a ficar longe daquele processo de dor demasiada que no início, apesar de normal, ela também não libera a pessoa para uma qualidade de vida. Quando você começa essa fase onde você vai fazer um trabalho em nome daquela filha, filho, irmão, vai fazer uma série de atividades de homenagens, é como se a gente fizesse um ritual de passagem", explica.

Entenda
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, na madrugada de domingo, dia 27 de janeiro, resultou em 241 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. O inquérito policial, que indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12, conclui que:

- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso no palco
- As faíscas atingiram a espuma do teto e deram início ao fogo
- O extintor de incêndio do lado do palco não funcionou
- A Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás
- Havia superlotação no dia da tragédia, com no mínimo 864 pessoas
- A espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular
- As grades de contenção (guarda-corpos) obstruíram a saída de vítimas
- A casa noturna tinha apenas uma porta de entrada e saída
- Não havia rotas adequadas e sinalizadas de saída em casos de emergência
- As portas tinham menos unidades de passagem do que o necessário
- Não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas
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