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Vizinhos chamavam de 'patricinha' manicure que matou garoto de 6 anos

Extra Online

Com esmalte, a manicure Suzana do Carmo de Oliveira Figueiredo, de 22 anos, reproduzia pequenos desenhos nas unhas das suas clientes. Num traço preciso, criava joaninhas, papagaios, sapinhos e flores. As mesmas meticulosidade e precisão usadas para tirar João Felipe Bichara, de 6 anos, do colégio e matá-lo asfixiado num quarto no hotel São Luís, em Barra do Piraí — como ela confessou à polícia. Traços que ela começou a desenvolver com apenas 12 anos.

Por conta própria, Suzana batia de porta em porta na casa das vizinhas no bairro Boa Sorte, oferecendo seus serviços de manicure.

— Ela era uma ótima manicure. Também vendia calcinhas — conta uma ex-vizinha, a doméstica Mara Camargo, de 42 anos.

Suzana fazia unha artísticas e vendia calcinhas Foto: Fabiano Rocha

Ex-vizinha diz que manicure era 'ótima' Foto: Fabiano Rocha / Extra

Ainda menina, Suzana percebeu que o ofício poderia ser um passaporte para sair do humilde bairro onde cresceu. Afastado da área central, o bairro Boa Sorte é composto por imóveis humildes e vias de chão batido. A casa onde morava fica numa rua esburacada e estreita, onde passa um carro de cada vez.

Ela é a filha mais velha da doméstica Simone de Oliveira, mas não conhece o pai. Mesmo registrada pelo padrasto, que a criou desde os 5 anos, nunca se aproximou da família. Nem mesmo da mãe. Em silêncio, cultivava um desejo de buscar uma independência precoce.

— Ela nunca teve diálogo com a mãe. Elas se falaram pela última vez há três meses. E apenas por telefone — diz uma amiga da família.

Suzana tem um irmão mais novo, de 17 anos, que foi aprovado neste ano no Programa Universidade Para Todos (Prouni). Mas a relação entre os dois era superficial. Distante da família, ela colecionava namorados.

Aos 18 anos, saiu de casa sem olhar para trás. E, com um crime bárbaro, marcou para sempre o destino de uma família simples.

Má fama na vizinhança

Quando deixou a casa da família, chegou a morar com um namorado, um camelô que trabalhava no entorno da Praça Nilo Peçanha, no coração da cidade.

— Ela passava sempre bem arrumada por aqui. Era patricinha e não falava com ninguém — recorda-se a autônoma Cláudia Pereira.

Suzana tentou trabalhar numa padaria perto dali. Não passou dos 15 dias de experiência. Há dois anos e meio, mudou-se para uma vila no Centro. Assim que chegou, deu destaque à casa, pintando sua fachada de laranja. E, em pouco tempo, ficou falada entre as vizinhas por causa do entra e sai de homens.
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