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Bezerra alerta para ‘Eldorado do Carajás’ em Bordolândia

Da Redação com Assessoria

O clima tenso gerado com a retirada de cerca de 600 famílias de trabalhadores rurais que estavam assentadas em terras da fazenda Bordolândia, na região do Araguaia, foi abordado hoje (17), pelo deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), na sessão plenário da Câmara.

Em função da retirada das famílias, ocorreu um conflito entre caminhoneiros e trabalhadores na manhã desta quarta-feira (17) que resultou na morte de duas pessoas e outras duas baleadas. Isso porque, os sem-terras interditaram a BR-158 há uma semana e os caminhoneiros se revoltaram com a perda das cargas.

“Trata-se de uma grande injustiça. A decisão gerou um clima de instabilidade social na região, e não seria nenhum exagero eu afirmar aqui que existe um perigo iminente de acontecer ali uma tragédia tal qual a do Eldorado do Carajás. Vidas podem ser ceifadas!”, alertou o deputado.

A área de 55 mil hectares, localizada entre os municípios de Bom Jesus do Araguaia e Serra Nova Dourada, fica a aproximadamente mil quilômetros de Cuiabá. “Venho aqui manifestar minha indignação com este ato covarde que vem que vem sendo praticado por autoridades públicas federais contra trabalhadores do meu Estado de Mato Grosso”, denunciou.

A história é recente. Há um ano e meio essas famílias foram autorizadas, por decisão do Governo Federal, a cultivar a terra desapropriada, enquanto o Incra tomasse as devidas providências no sentido de demarcação dos lotes.

O problema é que, por determinação da Justiça Federal, numa reunião entre procuradores, técnicos do Incra e representantes da área da Bordolândia, a Justiça Federal achou por bem determinar a desocupação da Gleba União, nas proximidades, e também da Bordolândia, esta, já desapropriada pelo Governo Federal há mais de um ano e meio.

Com a decisão da Justiça Federal, disse Bezerra, a Polícia Federal procedeu a retirada dos assentados da Fazenda Bordolândia. Os posseiros, largados à própria sorte às margens da BR-158, decidiram bloquear a rodovia, paralisando totalmente o tráfego de caminhões e automóveis, na tentativa de chamar a atenção das autoridades. “Tentativa em vão, até agora. Lamentavelmente”, criticou o deputado.

“Meus colegas parlamentares, confesso que nem nos amargos tempos da ditadura militar eu vi situação parecida. Eu combati e resisti à ditadura, mas depois de tantos anos de luta para vivermos um País democrático, e por isso mesmo termos hoje um Parlamento livre para nos expressarmos, me frustra, profundamente, ver representantes da Justiça Federal desrespeitarem uma decisão legal, depois de muitas reuniões com os posseiros, e, num ato de despotismo determinarem o despejo dessas famílias”.

Disse Bezerra que os trabalhadores são organizados, ligados à Comissão Pastoral da Terra e cadastrados pela Fetagri – Federação dos Trabalhadores na Agricultura. “Esses trabalhadores não podem ser escorraçados de uma terra onde foram autorizados a ficar pelo próprio Poder Público”.

Conforme o deputado, a Justiça Federal, ofereceu outra área para as famílias. Mas, segundo ele, a outra terra oferecida, na Fazenda Santa Rita, é uma APP – Área de Preservação Permanente, uma área de varjão e que vai dar problema no futuro.
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