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IPCA desacelera alta a 0,47% em março, mas estoura meta em 12 meses

G1

A inflação oficial brasileira desacelerou em março para o menor nível em sete meses, beneficiada pela forte desaceleração do grupo Educação e com uma menor propagação da alta dos preços pela economia, mas isso não impediu que o índice acumulado em 12 meses rompesse o teto da meta de inflação.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,47 por cento em março, ante 0,60 por cento em fevereiro, acumulando alta de 6,59 por cento em 12 meses, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em fevereiro, o índice acumulava alta de 6,31 por cento em 12 meses.

Os resultados vieram um pouco abaixo do esperado pelo mercado, levando à queda dos contratos futuros de juros e reforçando a perspectiva dos agentes econômicos de que a Selic será elevada em maio, e não na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem.

"Com esses números hoje, o BC ganha um pouco mais de tempo, diminui as chances de uma alta em abril, não só porque ficou abaixo de fevereiro, mas porque o índice de difusão continua a cair", disse Enestor dos Santos, economista do BBVA em Madri

O índice de difusão do IPCA caiu para 69 por cento em março, ante 72,3 por cento em fevereiro, de acordo com cálculos de economistas.

"A probabilidade de que o BC tenha que aumentar o juro é alta, mas a gente continua achando que vão tentar encontrar boas notícias", acrescentou Santos.

Analistas ouvidos pela Reuters estimavam alta de 0,50 por cento do IPCA em março e de 6,62 por cento no acumulado em 12 meses.

A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

EDUCAÇÃO E ALIMENTOS

Segundo o IBGE, o principal responsável pela desaceleração do IPCA em março foi o grupo Educação, que passou de uma alta 5,4 por cento em fevereiro, para 0,56 em março. Mas dos nove grupos que compõem o índice, sete mostraram desaceleração no mês passado.

O grupo Alimentação e Bebidas, apontado pelo ministro da Fazenda como o vilão da inflação, desacelerou a alta, em um movimento que pode estar relacionado à desoneração da cesta básica.

Segundo o IBGE, embora seja difícil identificar especificamente a causa da queda de cada produto, há movimentos que sinalizam que a redução de impostos no início de março apresentou seus primeiros sinais.

"Deu para sentir a desoneração em março, mas não foi só ela. Teve ajuda também do clima e da safra 12 por cento maior esse ano", afirmou a jornalistas a economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos.

Os grupos que mostraram aceleração mensal nos preços em março foram Comunicação e Habitação. Segundo o IBGE, a alta de habitação está diretamente ligada ao fim do efeito da queda das tarifas de energia elétrica.

Para abril, o IBGE espera uma menor pressão dos alimentos, mas alta de preços monitorados ou administrados pelo governo.

Entre outros, o IPCA deve captar os aumentos nas tarifas de metrô no Rio de Janeiro (9,4 por cento a partir de 2 abril) e táxi em Belo Horizonte (6 por cento em 23 de março).

A expectativa de analistas é que a inflação acumulada em 12 meses, depois de romper o teto da meta em março, desacelere ao longo do ano.

"O que aponta para desaceleração em 12 meses no segundo semestre é a substituição de taxas muitos altas vistas no ano passado entre julho e outubro. Dificilmente veremos taxas tão altas agora, e isso pode ajudar o IPCA a desacelerar em 12 meses", disse o economista da LCA, Fábio Romão, calculando que o IPCA ficará em 0,42 por cento em abril, com 6,36 por cento em 12 meses.
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