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Primeira escola para surdos de RO abre matrículas a partir de segunda

G1

“Me sinto liberta. Como se saísse de anos de escravidão”, diz Indira Stédile na Língua Brasileira de Sinais (Libras) em relação a implantação da Escola Bilíngue Porto Velho. Indira é surda e presidente da Associação de Surdos de Porto Velho (ASPVH). A escola, inaugurada nesta sexta-feira (12), vai abrir matrículas a partir de segunda-feira (15).

A escola, segundo Indira, tem uma grande responsabilidade, pois além de incluir alunos com deficiência, vai diminuir o preconceito existente. “A escola vai fazer com que a comunicação entre aluno e professor e entre aluno e família aconteça efetivamente”, afirma a presidente da associação.

Em Porto Velho, há cerca de 600 pessoas surdas, segundo a ASPVH. No entanto, a diretora da instituição, Ariana Boaventura, diz que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabiliza cerca de oito mil pessoas com deficiência auditiva na capital. Os alunos surdos, estão atualmente inseridos nas escolas regulares e recebem atendimento personalizado nas salas de recursos multifuncionais das instituições. Segundo Ariana Boaventura, diretora da escola bilíngue, a comunicação com o aluno deficiente é falha. “O que adianta o surdo está fisicamento incluído numa sala de aula, onde professor não sabe Libras, os alunos não sabem. Então não é uma inclusão”, diz a diretora.

Ariana explica que o diferencial na escola de surdos é que os professores alfabetizam e lecionam para alunos que possuem a deficiência. A instituição terá a grade curricular com as disciplinas exigidas pelo Ministério da Educação (MEC), mas oferecerá a disciplina de Libras.

Outro fator importante, considerado pela diretora, é a capacitação que será oferecida aos familiares do aluno surdo. "Nós faremos cursos que serão abertos à comunidade, mas fora dos cursos, os familiares podem vir até a escola e pedir ajuda para aprender. Esse é o nosso diferencial. Vamos incluir o aluno no lugar em que ele se sinta bem, onde ele goste de estar", enfatiza Ariana.

A escola
Segundo a Secretaria Municipal de Educação (Semed), a Escola Bilíngue Porto Velho é a primeira de Rondônia e irá funcionar com seis professores bilíngues, três professores surdos e dois intérpretes. A capacidade da escola é de 70 alunos. Destes, cerca de 60 já estão pré-matriculados.

Segundo a diretora, os pais que têm filhos surdos matriculados em escola regular podem fazer a transferência do aluno para a escola especial. Estudantes de outras séries e faculdades também podem procurar a escola para aprenderem o letramento. "O aluno surdo tem dificuldade com a escrita. E nós precisamos reforçar isso", finaliza Ariana.
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