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Notícias / Educação

Classe jornalística de MT lamenta a decisão do Supremo sobre diploma

Da Redação/Thalita Araújo

Por oito votos a um, o Supremo Tribunal Federal, STF, derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista ontem. Em Mato Grosso, a classe jornalística lamenta a decisão e figura entre as incertezas das reações do mercado no futuro.

Professora do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT, e mestre em Comunicação Social, Mariângela Lopez acredita que, em relação aos cursos, não haverá modificações muito grandes. Ela cita o exemplo de outros países, nos quais o diploma não é obrigatório, mas os cursos continuam ocorrendo normalmente.

Mariângela diz que isso acontece porque a academia é local de reflexão, de análise, de crescimento e aperfeiçoamento, coisas que vão muito além da pura técnica e que, por isso, a universidade continuará sendo vista como um espaço privilegiado.

A professora conta que a regulamentação do jornalismo em Mato Grosso foi muito marcante. “A primeira turma de jornalistas formou-se em 1994. Esses profissionais imprimiram práticas fundamentais ao jornalismo no Estado”, afirma Mariângela, contando que a formação acadêmica, de imediato, já começou a acabar com algumas práticas absurdas do mercado. E, é recentemente que os cursos estão chegando ao interior de Mato Grosso, porque há demanda e há necessidade.

A maior preocupação da professora universitária é com a qualidade das informações que serão veiculadas após essa decisão do STF. “Temos que ver como irão comporta-se as empresas na hora de contratar”, pontua. Ela concorda com o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Murillo de Andrade, dizendo que a decisão “é um baque para a categoria”.

O jornalista João Negrão já chegou aos 25 anos de profissão. Embora ele tenha tido sua formação nas redações – e não em uma universidade - como muita gente fazia nas décadas passadas, acredita que a decisão do STF é “uma tragédia”.

Ele diz que a academia é fundamental para o profissional, porque reúne formação humanística e formação técnica. João acredita que o jornalismo não é simplesmente constituído de técnicas de redação.

A jornalista Pollyana Araújo saiu da faculdade para o mercado há três anos, e se diz indignada com derrubada da obrigatoriedade do diploma. “Enquanto se fala em qualidade e credibilidade na informação, o STF tomou uma atitude que vai influenciar negativamente no resultado do trabalho da imprensa já que agora as empresas podem contratar qualquer um, sem capacitação nenhuma. Obviamente, o material produzido vai piorar”, diz.

Uma categoria que ficou bastante alarmada com a decisão foi a dos estudantes de jornalismo, que estão bem no meio do processo de formação, em busca de um diploma.

A estudante do curso de jornalismo da UFMT, Ângela Coradini, acredita que o foco da discussão foi errado. “Utilizaram como justificativa a liberdade de expressão, mas, hoje, se você quiser se expressar, existem outros meios que não os oficiais. O que devia estar em pauta é a responsabilidade de se fazer jornalismo, de como uma pessoa que não passou por nenhuma formação vai saber ser imparcial, e os etc’s que aprendemos nos quatro anos”.
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