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Notícias / Brasil

Mágico que ofendeu criança no Rio diz que prestará depoimento em juízo

G1

O mágico Rodrigo Valadares, que aparece num vídeo na internet ofendendo um menino de 6 anos numa festa de aniversário, esteve na manhã desta quinta-feira (18) na 37ª DP (Ilha do Governador) junto com um advogado. De acordo com o delegado José Otílio Bezerra, ele foi comunicar que só vai prestar seu depoimento em juízo.

Além de registrar a ocorrência na delegacia, a madrasta da criança, Tathiane Cristine Pereira, publicou o vídeo de 2 minutos e 34 segundos na web no dia 11 de abril e o compartilhou em redes sociais. Uma semana de exposição na internet foi o suficiente para que os 12 segundos de descontrole do mágico resultassem em mais de 8,7 mil comentários de pessoas chocadas com a atitude de Rodrigo Valadares.

“Você nunca vai imaginar que num show de mágica alguém vá fazer isso com o seu filho. Porque nós convivemos há quatro anos e ele é como um filho para mim. Eu fiquei revoltada. Toda nossa família está abalada”, disse Tathiane.

A polícia do Rio ouviu, na tarde desta quarta-feira (17), o depoimento de Tathiane, madrasta do menino de 6 anos que aparece em um vídeo na internet (assista no YouTube) sendo agredido verbalmente pelo mágico Rodrigo Valadares. A ofensa aconteceu diante de toda a plateia, formada, inclusive, por outras cinco crianças. O caso foi noticiado pelo G1 na terça-feira (16).

Os depoimentos de Tathiane e do marido, pai do menino, na 37ª DP duraram cerca de uma hora.

O casal contou detalhes da história ao delegado José Otílio Bezerra, responsável pela investigação do caso, que foi registrado como infração ao artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): “Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento”. A pena prevista é de seis meses a dois anos de detenção.

Procurado pelo G1, Rodrigo Valadares não retornou as ligações até a última atualização desta reportagem.

Assembleia de artistas
O Sindicato de Artistas e Técnicos de Espetáculos do Rio de Janeiro (Sated-RJ) informou, nesta quarta, que o presidente Jorge Coutinho, já está fundamentando um pedido de cassação do registro profissional do mágico Rodrigo Valadares, condecido em 2007.

A entidade vai convocar uma assembleia da categoria para decidir sobre o assunto. O Sated-RJ já havia recebido uma outra reclamação em 2012 contra o mágico, que já estava desligado dos quadros do sindicato desde 2009 por inadimplência com a contribuição sindical.

Gritos e palavrões
No vídeo, o mágico Valadares pede a uma mulher da plateia que o ajude em um truque com cartas, que ele chama de “premonição”. A jovem levanta e vai até o mágico, que prossegue com o show.

Aos 2 minutos e 13 segundos, o menino de 6 anos, que está na plateia, tenta pegar a irmã de dois anos. Incomodado com o “barulho” causado pelas crianças, o mágico dispara dois palavrões. Depois, ele se aproxima do menino, demonstrando irritação, e grita no ouvido da criança outro palavrão, seguido de: “Moleque! Senta aí!”. Assustado, o menino reage, respondendo: “Ela é minha irmã, seu bobo!”. Enquanto o menino sai, o mágico sorri e diz para o público: “Psicologia infantil! Sempre funciona”.

Enquanto algumas pessoas riem, é possível ouvir a voz de um homem reclamando da atitude do mágico, que responde ironicamente: “Me processa, parceiro. Fica à vontade. Não tô nem aí”. A sugestão de reportagem foi enviada para o VC no G1.

Caso veio à tona 2 meses depois
O evento aconteceu no dia 2 de fevereiro em uma casa de festas na Ilha, mas Tathiane e o marido, pai das crianças, souberam das agressões apenas dois meses depois, quando tiveram acesso a um trecho da filmagem da festa.

“Tinha dois ambientes na festa. Nossa família estava num ambiente e o show de mágica acontecia no outro, mas as crianças pediram para ver a apresentação. Deixei as crianças lá, sentadinhas, e não vimos o que aconteceu. Só soubemos que algo de errado havia acontecido, quando a irmã do mágico veio me pedir desculpas pelo comportamento dele”, contou Tathiane, acrescentando que a mãe do mágico – que era a anfitriã da festa – também se desculpou com a família através de uma rede social.

Com as imagens em mãos, a família, que mora em Olaria, no Súburbio, procurou a 22ª DP (Penha). No entanto, o caso foi remetido à delegacia da área onde ocorreu: a 37ª DP. “Ele grita palavrões, não pode tratar uma criança assim. Tem que respeitar. É um constrangimento à criança e ele vai responder pela infração a esse artigo do ECA porque eu vou remeter o caso à Justiça”, afirmou o delegado José Otílio Bezerra.
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