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'Meu filho tem bom coração', afirma mãe de suspeito da morte de dentista

G1

Mãe de um dos suspeitos de ter participado da morte da dentista Cynthia Magaly Moutinho da Silva, em São Bernardo do Campo, no ABC, disse ao G1 nesta sexta-feira (3) que não vê o filho desde que ele foi preso, no último sábado (27). Ela é dona do Audi usado pelo grupo para chegar ao local do crime. “Acredito que meu filho tem um coração bom. Ele foi de bobo, caiu de gaiato e agora está pagando por isso”, disse Odete Cassiano da Silva, de 39 anos.

A vendedora é mãe de Jonatas Cassiano Araújo, 21 anos, que foi reconhecido por uma das vítimas que sobreviveu ao crime, paciente da dentista, pelas imagens de segurança de um posto de combustível onde ele usou o cartão bancário da vítima para sacar dinheiro. Odete auxiliou na investigação do caso, pois reconheceu o filho em imagens divulgadas pela polícia.

A dentista morreu queimada na semana passada dentro do consultório onde trabalhava. Além de Jonatas, estão presos Victor Miguel Souza Silva, de 24 anos, Tiago de Jesus Pereira, de 25 anos, e um adolescente que confessou à polícia ter colocado fogo na vítima. Segundo a polícia, ela foi morta porque os criminosos ficaram irritados porque só havia R$ 30 na conta bancária dela.

“Ainda não consegui falar com ele, estou muito arrasada. Acredito que meu filho tem um coração bom. Ele foi envolvido nisso por meninos que eu nunca vi na vida. Meu filho sempre foi um menino muito bom, todos aqui gostam dele, minha família toda está triste. Ele estava indo na igreja, parou um pouco, conheceu gente nova. Meu filho era tudo para mim na vida. Tudo que eu preciso ele faz para mim”, disse a vendedora.

Sobre o dia do crime, ela disse que tinha deixado o carro com o filho para que ele cuidasse dele. “Pedi para ele lavar meu carro e aconteceu isso. Ele não ficava com a chave do carro, a chave ficava só comigo. Uma pessoa que não merece isso morreu. Estamos todos tristes”, afirmou.

A vendedora disse que não pretende procurar a família da dentista. “Não pretendo falar com eles, entendo o sofrimento deles, estou muito triste. Triste por meu filho estar envolvido nisso. Estou tentando resolver as coisas, mas está difícil. É difícil provar que ele é um menino bom, mas ele é um menino bom."

Odete é jovem e considera que isso permitia ter um bom diálogo com o filho, mas não foi o suficiente para evitar que ele se envolvesse em crimes. “Sempre conversava, em casa ele sempre foi uma pessoa boa. Para mim, ele é tudo, ele me ajuda em tudo.”

Depois de constar como averiguado em um caso de roubo a residência, às vésperas do Natal do ano passado, Odete afirmou que teve uma longa conversa com o filho sobre o futuro dele. “Conversei muito com ele, mas acho que os meninos pediam carona para eles, meu filho não sabe falar não. Agora, acabou com a vida”, disse ela, emocionada.

Odete tenta, desde que o filho foi preso, saber oficialmente onde ele está, mas afirmou que não conseguiu ver o filhos por causa de informações desencontrada que estaria recebendo da polícia. “Eles [polícia] cada hora me informam que ele está em um lugar. Não posso pagar advogado, não tenho dinheiro, fica difícil para mim. Já procurei a defensoria pública, mas o processo ainda não foi para o fórum e não foi possível arrumar um advogado para ele”, disse a mãe de Jonatas.

Reação sobre o caso
A mãe conta como soube do envolvimento do filho no caso. “Fui eu que reconheci o carro, na hora, eu pensei: meu Deus, o que está acontecendo? Imagina, não acredito. Ele entrou nessa de bobeira, deu carona para os caras e acabou tudo isso, assim, horrível”, disse Odete.

A vendedora disse que o filho “trabalhava registrado, trabalhou em lava-rápido, depois em três firmas. Depois ele conheceu um amigo e resolveram abrir um negócio juntos, mas não estava dando dinheiro, ficaram devendo aluguel”. Eu pedi para eles fecharem e pagarem o aluguel e ficar sem dívida. Isso foi em janeiro deste ano”, lembrou.

Ela afirma que Jonatas quis estudar. “Meu filho fez o terceiro ano completo do ensino médio, fez Senai, fez três cursos de informática no Senai. Ele queria fazer faculdade para formar como webdesigner e um outro curso ligado a informática que não sei o nome”, afirmou ela.

Crueldade do crime
Sobre a crueldade e violência da morte da dentista, Odete disse que o filho teve participação menor em atear fogo ao corpo da vítima. “Acredito que ele nem sabia disso. Me conforta o fato de ele não ter entrado no consultório. Conheço o meu filho, imagina, ele não tem esse caráter ruim como estão falando. Ele é um menino de coração bom, não fala não para ninguém, está sempre querendo ajudar”, afirmou a mãe.

A vendedora disse que o filho nunca passou vontade e que isso não poderia ter sido motivação para ele entrar no mundo do crime. “Não tinha vontade material”, afirmou. Ela disse ainda que não conhece ninguém da família dos demais envolvidos no caso. “Não conheço ninguém, não sei onde moram, nunca vi na vida, o pessoal do prédio também nunca viu ninguém.”

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