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Sem suporte público e privado, situação de autistas em Cuiabá é alarmante

Da Redação - Mylena Petrucelli

Problemas de interação social, déficits de comunicação e imaginação e ações repetitivas são as principais características comumente associadas ao autismo. Porém, essa concepção está apenas a dois dedos d’água diante da imensidão do transtorno autista.

O autismo é classificado como um Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD) e geralmente pode ser diagnosticado a partir dos três anos de idade através de exames genéticos ou por meio da observação de marcos de aprendizagem que devem ser realizados em cada etapa da vida da criança.

Entretanto, o diagnóstico do transtorno autista não é simples de ser feito e os profissionais envolvidos precisam ser devidamente preparados. De acordo com o Prof. Mr. Luiz Alexandre Freitas, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso e um dos pioneiros a pesquisar sobre o autismo no Estado, crianças que possuem autismo podem ter comportamentos muito diferentes entre si, como ter autismo mas não apresentar todas as características típicas do transtorno ou agir normalmente em uma área, porém ter ausência de desenvolvimento em outras.

Em Cuiabá, o conhecimento sobre o autismo é ainda mais alarmante, pois não há associações organizadas e articuladas de apoio a autistas e seus cuidadores, não há escolas com profissionais preparados para lidar com crianças que apresentam o transtorno e não há qualquer iniciativa pública, tanto por parte do Estado quanto pela prefeitura.

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“Cuiabá é totalmente despreparada; primeiro, porque os profissionais são despreparados (...), às vezes até podemos encontrar algum psicólogo que trabalhe com autismo, mas que tenha alguma experiência e que saiba o que fazer, não tem", explica o professor.

 Luiz Alexandre também informou que não há um trabalho forte de associações de pais como em outras cidades brasileiras, onde as organizações unem forças e pressionam vereadores e deputados estaduais para criarem leis que protejam as pessoas autistas.

Na capital mato-grossense consta a existência de uma filial da instituição nacional chamada Associação dos Amigos do Autista (AMA), porém, não há quaisquer registros no Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência ou no Conselho Regional de Psicologia, além de não possuir endereço de sede ou telefone.

A reportagem do Olha Direto tentou entrar em contato com o secretário municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, José Rodrigues Rocha Júnior, mas o secretário estava em reunião e não retornou nossas ligações.
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