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'Ele é meu presente', diz mãe de rapaz que escapou da morte na Indonésia

EPTV

Maria Beatriz Mecca passará o Dia das Mães em um quarto do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), mas para ela o fato não é motivo de tristeza, e sim de muita alegria. A professora aposentada de 58 anos é mãe do professor de educação física Renato Mecca, de 33 anos, que desde março está internado para se recuperar de um acidente de moto sofrido em janeiro deste ano na Indonésia.

No hospital, ao lado do filho que ainda não recuperou os movimentos do corpo, dona Maria Beatriz só pensa em comemorar neste domingo (12), que tem mais um fator especial: é o primeiro Dia das Mães em seis anos que os dois passam juntos desde que Renato foi morar na Indonésia. “Ele é meu presente agora.”

Após ficar dois meses entre a vida e a morte internado em um hospital em Cingapura, Renato conseguiu voltar ao Brasil. A viagem que custou R$ 270 mil por causa da UTI móvel adaptada em um avião e durou 31h só foi possível graças ao empenho da família que pôs nas ruas de São Carlos (SP) uma campanha que contou com a solidariedade de amigos e desconhecidos.

Hoje, o esforço e o sofrimento da família são recompensados por pequenos avanços no decorrer do tratamento do professor. No último domingo (5), Renato recuperou o movimento espontâneo do diafragma e voltou a respirar sem a traqueostomia, necessária desde quando deixou a Ásia. Maria Beatriz diz que este passo na recuperação do filho vale muito mais do que qualquer presente. “Isso pra mim foi o melhor presente que Deus poderia ter me dado”, afirma.

Segundo ela, a retirada do respirador é essencial para que Renato possa ser transferido para a próxima etapa do tratamento - recobrar o movimento dos membros - em São Paulo. “O que realmente preocupava não só a mim, mas toda a equipe médica, era o respirador. Porque o aparelho custa muito caro e o aluguel não é viável. A alta não seria feita sem a condução do aparelho. Mas de repente o diafragma dele começou a reagir e ele começou a respirar. Fiquei muito feliz”, diz a aposentada.
Renato Mecca viajou 31h até o Brasil em voo que custou R$ 270 mil (Foto: Guilherme Mecca/Arquivo Pessoal)Renato viajou 31h ao Brasil em voo que custou
R$ 270 mil (Foto:Guilherme Mecca/Arquivo Pessoal)

Comemorações passadas
Nos outros anos, segundo ela, a presença do filho no almoço em família só era possível pela internet. “Nunca ficamos uma semana inteira sem nos comunicar. Com a facilidade da internet nós ficávamos bem próximos. Porém, a ida dele foi uma coisa muito assustadora, fiquei muito apreensiva”, lembra Matriz Beatriz, de quando, há seis anos, Renato anunciou que partiria para fora do país.

Mas o retorno do filho com vida depois de tantas provações foi para a professora uma resposta positiva a todos os medos que a cercaram desde que soube do acidente na Indonésia. Rever o professor, ainda que estendido na maca para ser internado no HC, foi como se o visse nascer novamente, descreve. “Para mim foi muito emocionante como mãe poder abraçar meu filho de novo. Pela gravidade do acidente e pelo dinheiro necessário para trazê-lo de volta, achei que não fosse vê-lo nunca mais”, afirma.

A possibilidade de estar com Maria Beatriz no Dia das Mães também tem sentido singular para Renato. Se foi por meio dela que o professor veio ao mundo, foi em grande parte por causa dela que ele teve uma segunda chance para viver. “A principal razão que realmente me trouxe foi ela. Será um Dia das Mães maravilhoso por causa dela. Se ela está feliz, eu também estou, mesmo depois de tudo que aconteceu”, afirma Renato.

Acidente
O brasileiro, que morava e trabalhava havia seis anos em Surabaya, na Indonésia, sofreu um acidente em 24 de janeiro, poucos dias depois de voltar do Brasil após uma visita de férias à família. Enquanto passeava com amigos, ele bateu a moto que pilotava na traseira de um caminhão e teve fraturas na coluna.

A volta do professor de Cingapura - para onde chegou a ser transferido - foi confirmada depois que a família dele conseguiu angariar recursos por meio de uma campanha envolvendo parentes e amigos em São Carlos, Araraquara e Bauru em fevereiro. O drama chegou ao Itamaraty que disponibilizou uma verba complementar para a viagem. O traslado no avião adaptado com UTI móvel ficou em R$ 270 mil.

Internado em Ribeirão Preto desde março, Renato já passou por uma cirurgia para a reconstrução da terceira e quarta vértebras e, apesar de estar lúcido e respirar sem aparelhos, ainda não consegue articular os braços e as pernas. A expectativa é de que, em breve, ele seja encaminhado para a reabilitação em São Paulo.
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