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Lenda do UFC, Belfort quer vencer 'novato' para sonhar com cinturão

Estadão

Disciplinado, Vitor Belfort não perde tempo. Às vésperas da luta contra o norte-americano Luke Rockhold no UFC no Combate 2, em Jaraguá do Sul (SC), o brasileiro fala com o Estado entre um treino e outro. Depois de um curto período de férias após a vitória sobre Michael Bisping em São Paulo, no começo deste ano, o lutador se prepara para aumentar seu extenso cartel no MMA neste sábado - até aqui são 22 vitórias e 19 derrotas. Mais uma vez lutando no País, ele está confiante e arrisca dizer que será uma noite "maravilhosa". Sua longa trajetória no mundo das lutas lhe permite essa aposta.

Muito distante da realidade de quando Vitor começou, o MMA se tornou uma das paixões nacionais. Mas nem sempre foi assim. "Éramos vistos como violentos, agressivos, pessoas que a sociedade tinha de abominar", conta o veterano lutador que, aos 12 anos de idade, decidiu ir na contramão do mundo e fazer o que mais gostava. "Quando eu era pequeno, ser campeão mundial de boxe era muito estimulante. Mas eu disse um dia: 'Não, eu quero fazer MMA (Vale-Tudo na época)'."

Apesar do preconceito, Vitor sempre contou com o apoio da família, sobretudo do pai, jogador profissional de vôlei. Motivado pela curiosidade e vontade de aprender novas artes marciais, o carioca se especializou em jiu-jitsu com Carson Gracie, um dos percussores da modalidade no Brasil. Mas sua paixão sempre foi o boxe, esporte pelo qual chegou a lutar profissionalmente em 2006 e que está afiado para o duelo desta noite. "Eu amo boxe. Gosto da maneira como ele é feito, nasci no meio disso. Tenho vontade de disputar um cinturão em um Mundial. Mas isso é um sonho. Eu tenho contrato com o UFC e quero ficar lá para sempre, mas se o Dana White deixasse isso acontecer, seria maravilhoso", revela.

Há quase duas décadas na maior organização de MMA do mundo, o brasileiro coleciona, entre vitórias e derrotas, muita história para contar. Mais experiente, ele evita escolher uma luta como a mais importante da carreira. Mas não se esquece do momento "mágico" que viveu quando, com apenas 19 anos, nocauteou Wanderlei Silva em apenas 44 segundos. "Todas as lutas são muito emocionantes. Seria egoísmo da minha parte escolher uma só. Mas a que mais marcou foi quando fui campeão mundial. Foi uma coisa inédita, mágica", lembra. Sem deixar de lado o foco no presente, porém, faz questão de emendar: "A luta contra Rockhold também será maravilhosa."

Se depender do norte-americano, aliás, o evento em Santa Catarina também será inesquecível. Campeão no Strikeforce, Luke Rockhold, que faz sua estreia no UFC, reconhece que vai lutar contra um "T-Rex" do MMA, como o próprio Belfort diz de si próprio. "Vitor é uma lenda do MMA. Ele não perdeu para ninguém na divisão além do Anderson Silva, destruiu todo mundo. Se eu vencê-lo, faço meu nome e me coloco no topo da divisão. Definitivamente, é a maior luta da minha carreira", conta.

Em Jaraguá do Sul, Belfort, que é patrocinado pela Gillette, sabe que contar com a torcida brasileira e sua larga experiência são vantagens, principalmente diante de um adversário que fará a sua estreia no UFC. Mesmo assim, prefere esconder seus planos para esta noite e diz estar preparado para tudo. "Estratégia a gente não fala, senão entrega o ouro para o bandido. Agora, por mais que a pessoa tente mudar o jogo dela, é muito difícil fazê-lo completamente. Claro que ele (Rockhold) pode surpreender, mas tenho os melhores treinadores do mundo, uma estrutura muito boa, bons amigos e minha família."

O SONHO DE REVANCHE

Ex-campeão dos médios, Vitor Belfort sonha em conquistar novamente o cinturão, que desde 2006 pertence a Anderson Silva. Depois de três vitórias consecutivas na categoria, ele pode alcançar o topo do ranking e se tornar o adversário natural de Spider, duelo que ele prefere deixar nas mãos do futuro. "Tenho vários planos, mas não sou Deus, e tenho a humildade de entender isso. Vontade lógico que eu tenho, não fosse minha vontade, não faria o que estou fazendo", afirma.

Quando o assunto é uma revanche contra o norte-americano Jon Jones, dono do títulos dos meio-pesados, porém, Vitor faz questão de tornar o sonho público. "Penso nisso ainda. É só questão de dar certo. As coisas não dependem de mim, dependem dos outros, de uma organização. Mas eu adoraria lutar contra ele de novo, pela maneira que foi. Eu estava despreparado, tive duas semanas para treinar. Mas fiz o que achei que era certo, agarrei a oportunidade e acreditava muito. Mas foi o dia dele, ele brilhou. Acho que o meu dia vai chegar. Ganhar dele é realizar um sonho", revela.
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