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'Tirou um peso da minha vida', diz acusado de homicídio por engano

G1

Fernando de Jesus da Silva trabalha como metalúrgico e sustenta a mulher, as duas filhas e a mãe com salário de R$ 1300. Nunca teve passagem pela polícia, mas durante um ano e quatro meses só se arriscava a sair de casa para trabalhar por receio de ser preso. “Era uma angústia. Saber que poderia ser parado pela polícia e acontecer algo pior. Nunca fiz nada de errado, mas, tive muito medo”, afirma.

Durante este período, Fernando estava sendo acusado pelo assassinato de uma mulher, morta com um tiro na cabeça, durante uma briga em um bar. Só que o crime aconteceu em São Luís (MA), a quase 2.500 km de distância de Marília (SP), onde Fernando mora desde que nasceu. Só agora, a Justiça do Maranhão reconheceu o erro e atribuiu a confusão a duas coincidências. O metalúrgico se chama Fernando de Jesus da Silva e homem que teria cometido o crime Fernando de Jesus Silva. E as mães dos dois também têm praticamente o mesmo nome: Terezinha de Jesus da Silva e Terezinha de Jesus Silva.

No entanto, para o defensor público responsável pelo caso, não foram as coincidências que fizeram o trabalhador ser acusado de um crime que não cometeu e, sim, falhas no processo. “Acredito que a Justiça poderia ter evitado o prosseguimento do processo analisando os documentos que a defensoria de São Paulo remeteu para o Maranhão através de carta precatória, como por exemplo, que ele nunca esteve no Estado e que trabalhava na data dos fatos”, ressalta Lucas Pampana Júnior.

Segundo o defensor, desde a fase inicial do inquérito policial até a conclusão da denúncia, nunca foram fornecidos dados como nome do pai, data de nascimento, ou os números de documentos pessoais como RG e CPF.

Apesar de tudo o que passou, Fernando diz que não pretende processar a Justiça do Maranhão. "Tirou um peso da minha vida, só queria que provasse que não era eu, provou, já que provou, não quero mexer no momento com isso não. A hora que eu recebi a notícia foi um alívio muito grande. Parece que tirou um peso das costas", declara.

Em nota, os órgão envolvidos explicaram que a denúncia oferecida pelo Ministério Público à Justiça do Maranhão tinha como qualificação apenas os nomes do acusado e da mãe dele e que, em nenhum momento, houve comunicação à Justiça maranhense sobre cumprimento ou não do mandado, que já foi anulado. A Justiça também informou que o verdadeiro autor do crime continua foragido.
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