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Notícias / Brasil

Brasil está ficando para trás em relação às potências emergentes

R7

Apesar dos esforços do governo, a economia brasileira cresceu apenas 0,6% no primeiro trimestre de 2013. Os números divulgados na última quarta-feira (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) colocam o país no mesmo patamar de crescimento de EUA e Europa — que têm economias em crise —, mas em desvantagem diante dos parceiros que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), as potências emergentes. O bloco multilateral, que agrega as potências mundiais em ascensão, se torna cada vez mais um termômetro para ressaltar a timidez dos resultados econômicos brasileiros. Desde 2011, Rússia, China, Índia e África do Sul superam os números do crescimento brasileiro. Em 2012, o Brasil ficou atrás de seus quatro parceiros, no quesito evolução do PIB, com míseros 0,9% de expansão em relação ao ano anterior. No mesmo período, mesmo afetados pela crise financeira da Europa, os demais países dos Brics foram melhor: a China cravou o índice em 7,8%; a Índia, 4%; a Rússia, 3,4%; e a África do Sul, nação significativamente menor em todos os sentidos na comparação com as demais, obteve um aumento de 2,5% do PIB. Em 2013, o FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que o mundo deve crescer em média 3,3%, ainda que a zona do euro freie os resultados globais. Diante do que foi apresentado pelo governo brasileiro hoje, a potência sul-americana terá sorte se conseguir chegar a um aumento de 3% do PIB. Todavia, de acordo com os dados apresentados neste ano e as estimativas calculadas pelo fundo, os outros membros do Brics devem ampliar a diferença produtiva e repetir o placar de 2012, mantendo o Brasil em desvantagem, a ver navios. A instituição financeira prevê que os chineses obterão um crescimento de 8% do PIB no ano. A Índia vem em segundo lugar, com uma estimativa de 5,7%. Os russos devem repetir o resultado de 2012, avançando 3,4%. Ainda que cometa sérios deslizes administrativos, a África do Sul certamente atingirá um índice acima de 2,5% — o país possui uma exportação de minérios, sobretudo de ouro e diamante, que por si só garante a elevação anual de suas riquezas. Novas fronteiras do capitalismo Não restam dúvidas de que as nações que compõem o Brics possuem características bastante distintas entre si, o que torna simplificada a comparação de seus membros em poucos dados. Entretanto, estas economias também desfrutam de muitas semelhanças e são amplamente consideradas como as novas fronteiras do capitalismo. Assim, de certa forma, o grupo estimula novas oportunidades diante do enfraquecimento das lideranças econômicas tradicionais (Europa e EUA) e, paralelamente, desenvolvem modelos macroeconômicos alternativos de gestão, incrementando os debates internacionais. Consequentemente, estes países são constantemente monitorados e se tornaram referências uns dos outros e de todo o mundo. Por isso, é importante estar bem na foto dos Brics. Deve se ressaltar ainda que o atual cenário da globalização permitiu o aumento da influência dos Brics, enquanto que, por outro lado, colocou seus membros em franca competição e conflito de interesses. Se o Brasil quer de fato manter o atual processo de engrandecimento do seu status político e econômico e, simultaneamente, traçar um futuro de destaque mundial, o país precisará não só de disposição e exposição global, mas, acima de tudo, será necessário competência administrativa para sustentar o ímpeto da nação latino-americana e, por fim, consolidar o projeto de potência internacional. O quadro apresentado pelo governo, combinado aos dados anteriores, reforça o diagnóstico de que, enquanto a economia global começa a dar sinais de reativação, estimulada sobretudo pelos dois principais países do Brics — China e Índia —, o Brasil está na contramão desta tendência, caminhando lentamente. Diante desta desvantagem, o Brasil pode estar se equivocando na condução da economia doméstica e corre o risco de perder o papel de destaque conquistado arduamente ao longo dos anos.
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