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Premiê palestino pede criação de instituições do Estado; Hamas rejeita união

Folha Online

O primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, declarou nesta segunda-feira que trabalha com o objetivo de estabelecer o Estado palestino em dois anos, mas a divisão entre as duas principais facções palestinas se manifestou logo em seguida a essa declaração.

Fayyad, um tecnocrata sem uma importante base política própria, lidera um recém composto gabinete com uma maioria de ministros do Fatah, o grupo político laico do presidente na ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, cujos rivais do grupo radical islâmico Hamas se recusam a reconhecer o governo. Eles venceram as últimas eleições parlamentares palestinas e reivindicam o direito de comandar o gabinete.

"Apelo a todo o nosso povo para se unir em torno do projeto de criação de um Estado e de reforçar as suas instituições [...] de modo a que o Estado palestino torne-se, até ao final do próximo ano ou dentro de dois anos no máximo, uma realidade", disse ele em um discurso.

"Alcançar esta meta dentro de dois anos é possível", disse o primeiro-ministro na Universidade Al Quds, perto de Jerusalém.

Ele afirmou que sua prioridade era a unidade entre palestinos na Cisjordânia --comandada pelo Fatah-- e na faixa de Gaza, mas não fez qualquer apelo direto ao Hamas, que tomou o controle da faixa de Gaza em 2007.

Em harmonia com a política da Abbas, ele não sinalizou qualquer alteração na recusa palestina de retomar as conversações de paz com Israel até que seja congelada a expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia.

O primeiro-ministro afirmou que os palestinos devem conquistar o apoio internacional com a criação de todas as instituições do Estado independente pelo qual lutam.

"A necessidade disso se tornou ainda mais urgente depois do discurso do primeiro-ministro israelense [Binyamin Netanyahu], que tentou contornar o consenso internacional que apela a Israel para cumprir as suas obrigações", disse o primeiro-ministro palestino.

Autoridades israelenses recusaram-se a comentar o discurso. Em discurso na semana passada, Netanyahu disse pela primeira vez desde que assumiu o cargo no início do ano que aceita a criação de um Estado palestino, desde que desmilitarizado.

O porta-voz do Hamas Fawzi Barhoum disse que Fayyad "não tem o direito de falar de unidade nacional".

"Ele [Fayyad] traz o maior perigo para os palestinos ao acreditar na atual coordenação de segurança com o inimigo sionista", disse Barhoum.

"Ouvimos seu discurso e ele não fez mais do que repetir coisas, nada novo, com a exceção de que quer reivindicar a liderança do povo palestino", afirmou o porta-voz do Hamas por meio de uma declaração escrita.

Na nota, o movimento islâmico alega que Fayyad "quis se mostrar como o sucessor de Yasser Arafat", quando "na realidade é um primeiro-ministro ilegal e não tem direito a falar em nome dos palestinos".

O representante do Hamas acusou Fayyad de "se impor" aos palestinos "com ajuda da ocupação israelense e de dinheiro de políticos", no que é uma aparente alusão ao apoio financeiro com que conta no Ocidente graças a seu reconhecimento internacional.
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