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Cientistas analisam fóssil quase completo do primata mais antigo

G1

A descoberta do mais antigo esqueleto quase completo de um primata, na China, em 2002, pode ajudar agora os cientistas a entender como ocorreram as primeiras fases da evolução desse grupo de mamíferos, que inclui os macacos, símios, lêmures e seres humanos. Os resultados do estudo, liderado pelo paleontólogo Xijun Ni, da Academia Chinesa de Ciências, estão descritos na revista "Nature" desta quinta-feira (6), antecipada online nesta quarta (5).

O fóssil tem cerca de 55 milhões de anos, pertence ao início do período geológico Eoceno e, ao que tudo indica, é o parente mais primitivo dos lêmures na árvore genealógica.

Segundo os cientistas, o achado indica que a linhagem de animais que culminou nos humanos se diferenciou cerca de 7 milhões de anos antes do que se pensava.

A análise do esqueleto revela uma mistura de diferentes características – o crânio, os dentes e os ossos das penas e braços se parecem com os dos Tarsiiformes, subgrupo dos primatas que abrange os lêmures, enquanto o calcanhar e os ossos dos pés lembram mais os antigos antropoides, que mais tarde deram origem aos macacos, símios e humanos.

O animal foi batizado de Archicebus achilles, sendo que o gênero (primeiro nome) significa "macaco de cauda longa original" e a espécie (segundo nome) faz referência ao osso do calcanhar.

Tamanho milimétrico
O pequeno primata de pernas compridas e cauda longa (com o dobro do comprimento do corpo, o que o ajudava a manter o equilíbrio) media apenas 71 mm de comprimento e pesava cerca de 20 a 30 gramas – tão minúsculo quanto um lêmure-rato-pigmeu (Microcebus myoxinus) moderno.

Os autores acreditam que o animal era um saltador frequente e usava as quatro patas para pular de galho em galho entre as árvores. Seus dentes pontiagudos sugerem que esse bicho comia insetos, e os olhos grandes apontam que ele tinha uma boa visão para caça e mantinha hábitos diurnos.

"Esse mosaico de características não tinha sido visto antes em nenhum ser vivo ou fóssil de primata", diz Christopher Beard, um dos autores do estudo e paleontólogo do Museu Carnegie de História Natural, em Pittsburgh, na Pensilvânia, EUA.

Ao todo, os cientistas avaliaram 1.200 características morfológicas do fóssil e as compararam com as de 156 outros mamíferos existentes ou já extintos.

Os restos do primata foram recuperados sob uma camada de xisto formada por sedimentos depositados entre 54,8 e 55,8 milhões de anos em um lago no leste da China. Fragmentos de fósseis semelhantes já haviam sido descobertos, mas consistiam apenas em dentes e pedaços de ossos da mandíbula.

"Se você refizer a evolução dos primatas até o início, [o A. Aquiles] é como os nossos ancestrais provavelmente se pareciam", destacou o paleontólogo especializado em vertebrados Zhe-Xi Luo, da Universidade de Chicago em Illinois, que também participou da pesquisa.
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