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RS: com dívida de R$ 1 mi, secretário de Tarso não é 'localizado'

Terra

O secretário extraordinário da Representação do Rio Grande do Sul em Brasília, Hideraldo Caron, tem uma dívida de R$ 1 milhão com os cofres públicos do Estado por irregularidades na gestão do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) em 2000. No primeiro escalão do governo de Tarso Genro (PT), ele é procurado desde 2007 pela Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e pela Justiça para o pagamento, porém, como não foi "localizado", ainda não recebeu a notificação para quitá-la.

A condenação de Caron ocorreu no Tribunal de Contas do Estado (TCE) em 2005. Ele foi procurado por oficiais de Justiça em dois locais de Porto Alegre, mas desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, transferiu-se para Brasília, onde ocupou o cargo de diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Em 2011, a 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre enviou uma carta precatória para Brasília para citar Caron, mas o documento voltou porque ele não foi encontrado.

"Esses processos são conhecidos e nenhum trata de corrupção. São administrativos. A questão de não encontrá-lo é burocrática, que depende de um oficial de Justiça. O Caron tem a confiança do governador para continuar normalmente no cargo, não há porque acelerar o processo de cobrança, pois é um assunto jurídico, e não político, onde o governador não pode influir", afirmou Tarso Genro, por meio de sua assessoria.

A dívida do secretário começou em 2000, quando ele era presidente do Daer e teve as contas desaprovadas no governo de Olívio Dutra (PT). Em setembro daquele ano, Caron foi condenado a pagar R$ 422 mil, débito que chega a R$ 1 milhão em valores atualizados.

Denúncias de irregularidades no Dnit
Caron era diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit quando houve a queda do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, em 2011. Ele pediu exoneração do cargo após a saída de Nascimento, já na gestão de Paulo Sérgio Passos, e foi acusado de de irregularidades em obras sob sua responsabilidade. Segundo a revista Veja, integrantes do Partido da República teriam montado um esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de empreiteiras dentro do Ministério dos Transportes.

O negócio renderia à sigla até 5% do valor dos contratos firmados pelo ministério sob a gestão da Valec (estatal do setor ferroviário) e do Dnit. O esquema seria comandado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto. Mesmo sem cargo na estrutura federal, ele lideraria reuniões com empreiteiros e consultorias que participavam de licitações do governo no ramo. Pelo menos dois assessores diretos de Alfredo Nascimento foram afastados dos cargos. Também deixaram suas funções o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, e o diretor-presidente da Valec, José Francisco das Neves.

Apesar do apoio inicial da presidente Dilma Rousseff, que lhe garantiu o cargo desde que ele desse explicações, a pressão sobre Nascimento aumentou após novas denúncias: o Ministério Público investigava o crescimento patrimonial de 86.500% em seis anos do filho do ministro, Gustavo. Diante de mais acusações e da ameaça de instalação de uma CPI, o ministro não resistiu e encaminhou, no dia 6 de julho de 2011, seu pedido de demissão à presidente. O Terra entrou em contato com a PGE do Rio Grande do Sul e a assessoria de Hideraldo Caron, mas não obteve retorno.
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