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Notícias / Ciência & Saúde

Plano de ação em saúde mental resgata auto-estima de índios

Da Redação C/Assessoria

Depressão, tristeza, angústia, desânimo e dependência alcoólica. Sinônimos da vida conturbada nas cidades, estas doenças psíquicas não se restringem mais apenas aos espaços urbanos. Devido às mudanças culturais incentivadas pelo contato com o não-índio, três etnias de Mato Grosso estão sendo beneficiadas com o ‘Plano de Ação de Saúde Mental’. O objetivo é de promover ações de educação em saúde e intervenção ao consumo de bebidas alcoólicas e outras substâncias psicoativas nas aldeias.

Há quatros anos, o médico Jaime Aguiar e o enfermeiro Amauri Arruda, da equipe multidisciplinar da Fundação de Apoio e Desenvolvimento da Universidade Federal de Mato Grosso (Uniselva), diagnosticaram o agravamento do alcoolismo entre os bororos. A identificação deu origem ao Projeto Alcoólico Indígena (PAI), que já conseguiu resgatar 34 índios da dependência.

As ações são desenvolvidas pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Cuiabá, da Coordenação Regional da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O projeto faz parte do Plano de Ação de Saúde Mental, que ganhou projeção mundial ao ser apresentado, no início deste mês, no Congresso Internacional de Medicinas Tradicionais, Interculturalidade e Saúde Mental, realizado na cidade peruana de Tarapoto.

De acordo com Danielle Spagnol, uma das coordenadoras do projeto, que representou o Brasil no encontro, o ‘Plano de Ação de Saúde Mental’ não só resgatou os bororos do vício. Agora, eles atuam como multiplicadores, unidos pela filosofia do resgate cultural de não ingerir bebidas alcoólicas do não-índio.

O projeto inclui terapias ocupacionais, implementadas em consonância com as ideias discutidas pelos grupos e apresentadas à coordenação, como a confecção de artesanatos, plantação de banana, feijão, milho e mandioca para produção de farinha. Além disso, o grupo decidiu, também, elaborar uma cartilha de orientação, com ilustrações feitas pelos próprios índios.

De acordo com Edmilson Canale, coordenador do projeto, que também representou o país no Congresso, foi realizado um concurso de caricaturas, onde foram escolhidos os melhores desenhos para compor o conteúdo de informações da cartilha. “Agora vamos distribuí-la à cerca de 6 mil índios das etnias Bororo, Umutina, Bakairi, Paresi, Guató, Irantxe, Enawene-Nawe, Myky, Chiquitano e Nambikwara, ampliando significativamente as ações de saúde mental”, revela.
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