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Notícias / Informática & Tecnologia

Censura do regime iraniano obriga imprensa a inovar

AE

As cenas das manifestações no Irã serão lembradas como a primeira vez que um conflito passou a ser coberto, majoritariamente, por pessoas comuns, que testemunharam ou participaram dos acontecimentos - e não apenas por jornalistas. As imagens da morte da jovem Neda Salehi Agha Soltan, que repercutiram pelo mundo todo no YouTube (site de compartilhamento de vídeos) e se espalharam ainda mais com links postados no Twitter (rede social e servidor para microblogging) e no Facebook (rede social muito parecida com o Orkut), não existiriam se o assassinato tivesse ocorrido há alguns anos, quando celulares com câmeras e sites de relacionamento eram inacessíveis.

A preocupação é tanta com o surgimento de novas tecnologias que o Centro de Imprensa Estrangeira de Nova York convidou correspondentes internacionais para um workshop sobre como usar o Facebook, Twitter e LinkedIn (outra rede social, só que mais voltada aos negócios e contatos profissionais) em grandes coberturas, como a atual no Irã. O "New York Times" já avançou neste sentido e, em sua reportagem sobre o Irã de ontem, trazia a assinatura de Nazila Fathi, correspondente do jornal em Teerã, capital do Irã, e de Michael Slackman, chefe do escritório no Cairo, capital do Egito. Como a jornalista no território iraniano enfrenta restrições para trabalhar, grande parte das informações foi conseguida por meio do correspondente no Egito justamente em sites.


O diário nova-iorquino usa ainda o blog "The Lede", postado na capa do jornal, que acompanha em tempo real todos os acontecimentos no Irã por meio do Twitter, vídeos do YouTube e Facebook. A "CNN" pede que iranianos baixem vídeos no site para que sejam exibidos posteriormente no programa iReport. Na chamada, com o nome de Iran’s Voice (“Voz do Irã”), o canal pergunta: “Você esteve lá? Divida a sua história.” A rede de TV Al-Jazira, do Catar, faz o mesmo.


O regime de Teerã tenta bloquear o acesso aos sites. Mas iranianos conseguem burlar a censura. Hoje, no Facebook, jovens iranianos na diáspora, como Mateen, pediam a amigos que enviassem para eles “atalhos virtuais” que ajudassem os iranianos a acessar a internet. Outra saída é buscar sites alternativos, como os jovens fazem na Turquia, onde o YouTube é bloqueado, ou os sírios, que não podem acessar o Facebook, apesar de quase todos os jovens de classe média de Damasco, capital da Síria, terem uma conta. Em Teerã não é muito diferente de Damasco, e as cenas lembram os iranianos em 1979, antes da revolução, que compravam fitas cassetes contrabandeadas com os discursos do aiatolá Khomeini, ainda no exílio, apesar do forte monitoramento da polícia secreta do xá. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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