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SPFW apresenta moda globalizada e mais comercial

Folha Online

Com biquínis luxuosos e tecidos nobres, as 35 grifes que desfilaram tendências para a primavera-verão 2010 na 27ª São Paulo Fashion Week se mostraram mais globais, distantes da "típica cara brasileira", segundo fashionistas e autores especializados consultados pela Folha Online.

Após seis dias de desfiles em São Paulo --de 17 a 22 de junho-- o evento dedicado à França trouxe desfiles de estilistas "veteranos" como Alexandre Herchcovitch, Glória Coelho e Reinaldo Lourenço e de marcas conceituadas como Huis Clos, Cavalera e Neon, sem deixar de destacar a presença da top Gisele Bündchen e Jesus Luz, possível affair da cantora Madonna.

Na opinião da escritora e tradutora Diana Aflalo, autora do livro "Dicionário de Termos de Moda" (Publifolha), esta edição do evento mostra que as grifes deixaram de lado as esperadas confecções de verão para dar lugar as produções mais sofisticadas. "Em tempos de crise global, quem diria que veríamos tanto brilho, tecidos nobres e modelagem elaborada para o verão despojado das rasteirinhas e puro algodão?", questiona.

Globalização

Segundo a escritora, a mudança recorrente nos padrões da moda produzida no país é um sinal de que ela está se tornando globalizada. "As passarelas internacionais têm um papel predominante no mundo da moda. Mas a moda conquista identidade quando valoriza sua cultura", afirmou.

Para a historiadora, jornalista e colaboradora da revista Vogue, Cynthia Garcia, a moda feita por aqui mostra-se multifacetada, sem uma identidade única. "Moda brasileira com cara brasileira para mim é folclore. São as marcas que têm que ter suas caras, e desta forma o mercado ganha força como o mercado de criação. Dizer que a moda brasileira tem que ter uma cara é um conceito antigo", disse.

Na SPFW, Garcia destacou o desfile da grife Huis Clos. Segundo ela, a grife manteve um trabalho de continuidade dentro dos padrões da estilista criadora da grife, Clô Orozco, reforçando a junção de elementos clássicos e modernos de forma elegante, sem a necessidade de bancar um estilo brasileiro. A historiadora é autora do livro "Clô Orozco" (Coleção Moda Brasileira Vol. 7)" (ed. CosacNaify), sobre 30 anos da trajetória criativa da estilista, indicado para estudantes de Moda.

Moda comercial


Para a jornalista de moda, Eva Joory, esta edição da SPFW apostou em fazer roupas mais usáveis e de melhor comercialização, dando como exemplo os desfiles de Reinaldo Lourenço e da marca Neon. Mas no quesito moda, segundo ela, pouca coisa mudou.

"O verão 2010 não trouxe nenhuma grande novidade. "Não que isso seja um requisito, mas é onde a moda brasileira se sai melhor. Com tanta informação e escolhas, a competição é cada vez maior. Hoje com a crise, a moda precisa vender. O problema é equilibrar o que é mostrado na passarela com o que vai ser usado no dia a dia", disse.

A jornalista é autora de um ensaio sobre o estilista Walter Rodrigues. Em "Walter Rodrigues (Coleção Moda Brasileira Vol. 5) (ed. CosacNaify), Joory descreve passos da carreira do estilista, como sua incursão pela alta costura ao mesmo tempo em que frequentava inferninhos rockers do centro de São Paulo.

Livros

O trabalho destes e outros estilistas podem ser conferidos em duas coleções: a primeira é a "Coleção Moda Brasileira I - Alexandre Herchcovitch, Gloria Coelho, Lino Villaventura, Ronaldo Fraga e Walter Rodrigues" traça um panorama da moda contemporânea através da trajetória dos cinco dos mais importantes estilistas do país.

O segundo volume "Coleção Moda Brasileira II - André Lima, Clô Orozco, Lenny Niemeyer, Marcelo Sommer e Reinaldo Lourenço" segue o padrão e destaca outros cinco grandes estilistas brasileiros. Ambos são ricamente ilustrados e tem como organizadores João Rodolfo Queiroz e Reinaldo Botelho, com textos assinados por jornalistas e especialistas em moda.
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