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Elize Matsunaga vai para segundo interrogatório mais confiante, afirma defesa

R7

Acusada de matar e de esquartejar o marido, o executivo da Yoki Marcos Matsunaga, Elize Araújo Kitano Matsunaga vai mais confiante para seu segundo interrogatório no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, marcado para as 13h30 desta terça-feira (25). Quem garante é o advogado dela, Luciano Santoro. Ele adiantou para o R7 que a cliente pretende, basicamente, reiterar o que disse no primeiro interrogatório, realizado no dia 30 de janeiro deste ano. Na ocasião, ela falou durante pouco mais de duas horas, respondeu aos questionamentos do magistrado, mas preferiu silenciar diante das perguntas da promotoria.

De acordo com Santoro, o laudo de exumação do corpo do empresário, divulgado em abril, fez com que Elize enxergasse a “possibilidade de um julgamento justo”.

— Depois que veio a exumação, a confiança aumentou. Imagina você falar uma coisa para o juiz, você tem certeza daquilo que está falando, mas as provas estavam indicando o contrário? Era como se estivesse dando um murro em ponta de faca. A sensação que ela teve depois que veio o laudo da exumação foi o contrário. Foi de que ainda há possibilidade de um julgamento justo, ainda há possibilidade que seja julgada pelo que fez, e não por outros fatores ou outras questões.

O resultado da exumação provocou interpretações distintas por parte da defesa e da acusação. Os defensores vinham contestando o laudo necroscópico, que afirmava que a vítima ainda estava viva ao ser degolada. Este detalhe rendeu mais uma qualificadora — meio cruel — a Elize, que foi acusada de homicídio doloso triplamente qualificado, além de ocultação de cadáver.

Na análise de Luciano Santoro, o laudo da exumação foi favorável por indicar que Marcos Matsunaga estaria inconsciente logo após ter levado o tiro na cabeça, portanto, não teria sofrido ao ser esquartejado. Já para a acusação, o laudo foi inconclusivo. O documento diz que a “avançada putrefação impediu identificar qualquer tipo de reação vital” e enfatizou que o exame não foi capaz de determinar por quanto tempo a vítima permaneceu viva após ser baleada.

Os dois laudos, porém, apresentam uma convergência: ambos indicam que a trajetória da bala foi descendente, colocando em xeque a versão apresentada pela bacharel em direito. Ao ser interrogada pela polícia, ela afirmou ter atirado em Marcos, quando ambos estavam de pé. Como tem estatura menor do que a da vítima, o trajeto percorrido pelo projétil teria que ser de baixo para cima. A defesa tem uma justificativa: sugere que o "alvo era móvel", que o empresário não ficou parado "esperando o tiro".

Evitar nulidade

O novo interrogatório foi pedido pelo juiz Adilson Paukoski Simoni, do 5º Tribunal do Júri da capital, justamente devido à exumação do corpo, solicitada pela defesa. O resultado do exame é mais uma prova produzida, portanto, o réu tem direito de se manifestar sobre ela. Como o interrogatório do acusado precisa ser o último ato da fase de instrução do processo, Elize foi convocada novamente. A medida evitaria futuras alegações de nulidade.

Durante o interrogatório desta terça-feira, o promotor José Carlos Cosenzo não estará presente em razão de compromissos na capital federal. O Ministério Público será representado pela promotora Mildred de Assis.

Após o encerramento da fase de instrução, acusação e defesa têm prazo geralmente de cinco dias, cada, para apresentar ao juiz as alegações finais. Em seguida, o magistrado decidirá se Elize vai ou não a júri popular. A expectativa é de que esta definição saia até agosto deste ano.
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