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EUA anunciam envio de armas para o governo da Somália

Folha Online

Os Estados Unidos deram armas e munição ao governo de transição da Somália, informou nesta quinta-feira Ian Kelly, porta-voz do Departamento de Estado, em uma tentativa de fortalecer o frágil governo somali, ameaçado por extremistas islâmicos.

"Continuamos preocupados pela violência em Mogadício e os ataques contra o governo de transição. A pedido deles, o Departamento de Estado enviará armas e munição de forma urgente", disse o Kelly em entrevista coletiva. "Nosso propósito é apoiar os esforços do governo de transição para repelir o ataque das forças extremistas."

Segundo o porta-voz, elas "têm a intenção de destruir o processo de paz e arruinar os esforços para levar paz e estabilidade à Somália por meio da reconciliação política".

O funcionário entende que o procedimento tem o respaldo do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas --o órgão proibiu os envios de armas à Somália, com exceção daqueles aprovados pela ONU.

Kelly não especificou o valor da ajuda militar ou a data da entrega dos materiais, deixando estas respostas ao Pentágono. O único dado fornecido por ele foi que a capacitação para as forças policiais somalis foi canalizada através do Escritório de Assuntos Internacionais de Narcóticos (INM, em inglês), do Departamento de Estado.

Os EUA pretendem impedir que os rebeldes islâmicos, que segundo os americanos têm vínculos com a rede terrorista Al Qaeda, derrubem o governo da Somália.

Segundo o jornal "The Washington Post", que cita uma fonte anônima do governo, um carregamento de armas dos EUA chegou este mês a Mogadício, capital da Somália.

"O governo de transição representa a melhor oportunidade de paz, estabilidade e reconciliação para a Somália nos últimos 18 anos", comentou Kelly.

Histórico


Sem um governo central efetivo desde 1991, a Somália tornou-se o sinônimo de um Estado fracassado, e o caos tem permitido as crescentes operações de pirataria nas rotas marítimas que passam pela costa do país.

Mais de 17,7 mil civis foram mortos em dois anos de insurreição islâmica, um milhão de pessoas abandonou suas casas e cerca de 3 milhões de somalis sobrevivem com ajuda alimentar de emergência. A insurgência, que se tornou uma causa nacionalista, age em parte do sul e da região central da Somália, e outras regiões mais ao norte vivem, na prática, de forma autônoma.

O frágil governo somali, cujo controle territorial, ainda assim limitado, restringe-se a Mogadício e à cidade de Baidoa, diz que há pouca esperança de negociar com o Al Shabab. Segundo o governo, os rebeldes não têm agenda política e possuem centenas de estrangeiros extremistas em suas fileiras, o que fortalece a suspeita americana de que o grupo tem conexões com a rede Al Qaeda.

O Al Shabab fazia parte da União dos Tribunais Islâmicos, frente de grupos extremistas que controlou a capital somali, por seis meses em 2006, até ser expulsa do poder pelo governo, com o apoio dos EUA e das forças etíopes.
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