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Notícias / Turismo

História e aprendizado convidam turistas a Varsóvia

Folha de S.Paulo

Para muitos moradores de Varsóvia (Polônia), então com 1 milhão de habitantes, o dia 1º de setembro de 1939 começou como um outro qualquer, exceto por fracas explosões que foram confundidas pelo pianista Wladislaw Szpilman com um exercício militar polonês de rotina fora do perímetro da cidade.

Szpilman -cujo dramático livro de memórias, décadas depois, rendeu o premiado filme dirigido por Roman Polanski- fez o improvável: "Após alguns momentos, voltou a reinar o silêncio. Pensei em voltar a dormir, mas o dia já estava claro. Decidi, portanto, ficar lendo na cama até a hora do café".

Mas aquele dia extraordinário só acabaria seis anos mais tarde, com estimados 70 milhões de mortos.

A Polônia foi um dos países que mais sofreram com a guerra, e por mais tempo. De forma rápida e devastadora, o país foi atacado por duas potências ao mesmo tempo: a Alemanha, no oeste, e a União Soviética, no leste, cumprindo a divisão prevista no pacto Ribbentrop-Molotov, um acordo secreto entre os ditadores Hitler e Stálin.

Logo os nazistas instalaram os campos de concentração, sequestraram e eliminaram milhares de pessoas em "grupos móveis" de extermínio.

Os poloneses não conseguiram sequer comemorar o final da guerra, pois logo caíram nas garras dos russos, adversários históricos -que haviam matado a sangue-frio cerca de 12 mil oficiais poloneses na floresta de Katyn- que implantaram novo sistema de terror e perseguição aos opositores.

Mas de um fato a Polônia tem aprendido a se orgulhar, e cada vez mais. Diferentemente de outros países tomados pelos alemães, como a Áustria, a Polônia enfrentou bravamente as primeiras ondas da invasão nazista, até capitular, em 5 de outubro de 1939. E depois, durante a guerra, por duas vezes seus cidadãos pegaram em armas contra os nazistas, sempre pagando um preço bastante alto.

Aprendizado

O levante de Varsóvia, em 1944, e o levante do gueto de Varsóvia, em 1943, episódios distintos, mas muitas vezes confundidos, hoje são lembrados em museus que atraem milhares de visitantes na capital polonesa.

Segundo um funcionário israelense de uma empresa de segurança privada que presta serviços às agências de turismo, e que se identificou só como Thomas, cerca de 25 mil israelenses vão anualmente a Varsóvia para conhecer melhor a história da guerra. Instruídos por seus guias, os poucos estudantes que aceitaram conversar foram monossilábicos e repetiram um bordão: "Viemos estudar, aprender com o passado".

Museu

Inaugurado em 2004, o Museu do Levante de Varsóvia "refaz" o levante. O térreo é dominado por uma imensa coluna de pedra com alto-falantes que reproduzem o som da batida do coração e rajadas de metralhadoras.

Dá para ouvir as mensagens via rádio emitidas pelo prefeito de Varsóvia, Stefan Starzynski, chamando os cidadãos às armas. Ele foi enviado a um campo de concentração, onde morreu em 1943.

No térreo, a função do gráfico Janusz Czopovicz é imprimir, numa antiga máquina Boston, cópias dos panfletos que chamavam os poloneses ao levante de 1944. "Havia 16 jornais clandestinos", diz.

O levante estourou às 17h do dia 1º de agosto de 1944. Em sessões exibidas a cada meia hora, o museu passa filmes que foram mostrados durante os combates, no cinema Palladium, na rua Zlota. Morreram 180 mil civis e 18 mil insurgentes.
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