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Notícias / Educação

Sem ampla aceitação, países vão avaliar difusão do acordo ortográfico

Terra

 Os chanceleres dos oito países que formam a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) vão avaliar em outubro em Lisboa as ações de promoção e difusão do idioma durante a II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa.

De acordo com Ivo Castro, professor de linguística na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que participa da organização, o evento vai tratar especificamente do "ritmo de execução" das ações projetadas no Plano de Ação de Brasília, aprovado em 2010, quando ocorreu a primeira conferência. O plano envolve estratégias de implantação da língua portuguesa nas organizações internacionais, promoção do ensino do idioma e a implementação do acordo ortográfico.


Apesar da opinião favorável, João Costa admite que falta apoio dos países na promoção do idioma. "É difícil dar passos menos tímidos sem investimento dos países nesta matéria". Sete dos oito países da CPLP, incluindo o Brasil, estão em atraso com a anualidade a ser paga ao instituto da comunidade que deve executar o Plano de Ação de Brasília.

Assim como as ações de difusão do idioma, há dificuldades com a implementação do acordo ortográfico de 1990, ainda não ratificado em Angola e Moçambique e até hoje muito criticado em Portugal. Segundo João Costa, "o acordo ortográfico está assumido por todos", mas "faz falta uma maior clarificação conjunta de prazos e de vontades".

Além do plano de Brasília e do estado de implementação do acordo ortográfico, a programação da II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa quer tratar do uso da língua na produção científica. Para os organizadores da conferência, é estratégica a discussão. "A vitalidade de uma língua se mede, entre outros critérios, pela sua capacidade de criar terminologias e estilos capazes de descrever um mundo em constante renovação e de atuar sobre ele", ressalta Ivo Castro.

Para o acadêmico, apesar do predomínio do inglês até mesmo em universidades portuguesas, "a língua portuguesa desempenha um papel instrumental no desenvolvimento de certos domínios científicos da interface norte/sul, como a medicina tropical, a geografia humana e a antropologia, as ciências da terra e econômicas".

"O inglês não é, nem deve ser visto como a única língua de ciência: o português, como outras grandes línguas de cultura, possui uma longa literatura científica que, em determinados domínios, é referência internacional e não poderia ser substituída por traduções sem perda de rigor, de significação e de capacidade criativa", defendeu Ivo Castro.
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