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Albergues do município não têm capacidade de atender nem metade da demanda de moradores de rua de Cuiabá

Da Redação - Laura Petraglia

Com uma população flutuante que habita nas ruas em torno de 350 pessoas, Cuiabá não tem capacidade para acolher em seus albergues (atualmente 2 com 60 vagas cada um) nem a metade dos cidadãos que precisa de um lugar para passar a noite.

Somente no Albergue Municipal, de ontem (22) para hoje (23), o número de pessoas hospedadas aumentou 50% e ele já opera em capacidade máxima desde a manha desta terça-feira, com 57 pessoas.

De acordo com o secretário Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Humano (SMASDH), José Rodrigues, a prefeitura de Cuiabá tem se esforçado para atender a demanda, já que segundo ele, Cuiabá tem passado por um processo migratório muito grande.

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“Recebemos um fluxo muito grande de pessoas de outros estados e até de outros países, diante disso a gente já se organiza e para construir um novo albergue, provavelmente na região do Porto para aumentar o número de vagas”, explicou.

Na tarde desta terça-feira (23) foi aberto o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua de Cuiabá, o Centro POP, que disponibilizará alimentação, descanso e higienização a quem precisa, cinco dias por semana, das 8h às 18h. A previsão é de que pelos menos 15 pessoas sejam atendidas por dia.

“O Sistema Único de Assistência Social funciona com uma regulamentação nacional, então nos temos a construção feita pro país inteiro de um serviço para a população e rua. Cuiabá foi contemplada com essa atividade e nós estamos iniciando a prestação desse serviço para sociedade de Cuiabá. Essa ação vem agregada com outras desencadeadas pela Prefeitura de Cuiabá, como por exemplo o ‘Abraço Quente’, que começa hoje coloca 23 pontos de doação de roupas e cobertores à disposição da população. Além disso, inicia também o projeto Anjos da Noite”, relatou.

O Anjos da Noite é uma ação que visa abordagem solidária às pessoas que utilizam espaços públicos como moradia. A intenção é encaminhar esses cidadãos aos albergues municipais.

José Rodrigues afirma que além dos dois albergues municipais há também a Pastoral do Imigrante, que funciona como rede credenciada e também atende a demanda de vagas. Com isso, de 120, os dormitórios disponíveis para a população de rua sobem para 250.

Os albergues são instituições de extrema importância para pessoas como o Fernando Augusto, de 52 anos, que desde 2004 mora na rua. Ele conta que trabalhava na roça, mas por um problema com alcoolismo foi abandonado pela família e não conseguiu mais se enquadrar em lugar algum. Natural de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, ele conta que foi morando de albergue em albergue em várias cidades, até vir parar em Cuiabá, onde encontra-se doente, com tuberculose, arritmia cardíaca, no albergue municipal.

“É muito triste não ter onde morar, as vezes passo 2, 3 dias na rua e assim vou. Mas agora estou doente”, finalizou.

O Centro POP

O primeiro Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua de Cuiabá, o Centro Pop, trata-se de uma unidade pública, de referência e atendimento especializado à população adulta que mora na rua. Para lá também serão encaminhadas para atendimento as pessoas recolhidas por equipes que fazem a chamada abordagem solidária.

O Centro Pop de Cuiabá fica na Rua Pedro Celestino, esquina com Rua Campo Grande, Bairro Centro Norte, Região Oeste de Cuiabá. A unidade conta com uma equipe multidisciplinar que faz a triagem e o encaminhamento das pessoas que desejarem voltar para sua cidade de origem ou, ao menos, ter um lugar para dormir. Estas serão levadas para as casas de acolhimento, que disponibilizam cerca de 250 vagas na Capital.

Quem procurar a unidade terá à disposição uma sala de descanso, café da manhã, almoço e lanche da tarde. Além disso, um advogado estará à disposição no local para orientação jurídica e ajuda para recuperação de documentos pessoais, em casos de necessidade.
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