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Por chuva, missa e vigília mudam de Guaratiba para Copacabana

G1

 A missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, com a presença do Papa Francisco, que estava prevista para domingo (28) no Campo da Fé, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, foi transferida para a Praia de Copacabana, na Zona Sul. A vigília que ocorreria no sábado também mudou de lugar. Segundo o Comitê Organizador da JMJ, o mau tempo tornou a realização impraticável, já que o local amanheceu tomado por lama nesta quinta (25). A informação foi confirmada pelo arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta.

Em entrevista coletiva na tarde desta quinta no Centro de Operações da Prefeitura do Rio, o prefeito Eduardo Paes pediu a compreensão dos moradores do bairro. Segundo ele, a situação de Guaratiba, "do ponto de vista de saúde coloca as pessoas em risco", por isso, técnicos em saúde e logística recomendaram a mudança.

Ao lado dos ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência), Paes adiantou que os eventos estão mantidos, mas que haverá contingências em Copacabana.

Segundo o prefeito, a mudança foi decidida com antecedência, mas pode não haver tempo hábil para transferir todos os banheiros.Por isso, os peregrinos que puderem voltar para casa, devem fazê-lo.

Sobre a segurança e mobilidade, o prefeito afirmou que serão feitas adaptações, mas que mais detalhes sobre as alterações somente serão fornecidos em outra entrevista coletiva, que está marcada para as 11h desta sexta no Rio. “Copacabana é muito mais fácil do que em Guaratiba”, disse o prefeito.

Depois da abrir a vigília no sábado, a igreja pede que os peregrinos voltem para casa e não durmam na praia, já que não há estrutura montada para isso. Em Guaratiba, havia palco e estrutura de banheiros e montados. As barracas não estão permitidas em Copacabana.

"Seria uma atitude irresponsável nossa manter a vigília ali", afirmou Dom Paulo, que integra o comitê organizador do evento. Segundo ele, o Papa Francisco já foi informado sobre a decisão e está de acordo. Ele afirma que Guaratiba havia sido escolhida a pedido do próprio Papa, que preferia visitar um local mais carente. "Foi uma decisão difícil para nós, mas muito responsável", disse.

Ainda segundo Paes, não houve aporte de dinheiro da prefeitura no terreno, apenas no entorno, como em dragagem de rios. Dom Paulo não informou o valor gasto para realizar o evento em Guaratiba, mas disse que tudo foi financiado pelo Comitê Organizador Local (COL) da JMJ Rio2013 no Campus Fidei (Campo da Fé).
"É uma alegria receber o Papa aqui. Não vamos transformar a vinda dele num jogo de contabilidade, de ganhos econômicos. Estamos recebendo um líder espiritual, um chefe de Estado. O Rio ganhou muito e ganha muito, está muito feliz de receber o Papa", afirmou o prefeito.

"O Papa pediu hoje para mandar uma dúzia de ovos para Santa Clara [para parar de chover], e foi o que fiz", completou Paes.

Moradores contam prejuízo
Vizinhos do Campo da Fé, em Guaratiba, reagiram com surpresa e indignação à notícia do cancelamento dos eventos. Moradores e fiéis ouvidos pelo G1 dizem que a situação já era precária desde a semana passada e que a decisão poderia ter sido tomada com antecedência maior. Ainda assim, em razão das péssimas condições do local, os peregrinos consideraram a troca necessária.

"Não tem como mesmo fazer aqui”, afirmou o pedreiro Ednaldo Freitas Ribeiro. “Como é que vai fazer o evento desse jeito, onde até mesmo quem está trabalhando de botas aqui tem dificuldade para entrar?", questionou. "O prefeito e os engenheiros deveriam ter percebido isso já há algum tempo."

"Gastei R$ 1,5 mil para comprar bebidas para vender para os peregrinos. Quem vai cobrir agora esse prejuízo?", afirma o morador Paulo Teixeira Felipe. Ele disse ainda que vários vizinhos chegaram a alugar casas para os participantes.

"Será péssimo para a imagem do Rio de Janeiro. Isso vai ser mostrado no mundo todo. É uma vergonha", diz Elton de Jesus, caseiro.

Mais cedo, o colunista do jornal "O Globo" Ancelmo Gois divulgou em seu blog que havia a intenção por parte dos organizadores de transferir a missa para a Zona Sul. Segundo a nota, o prefeito Eduardo Paes afirmou que ia apoiar qualquer decisão dos organizadores.

Nesta manhã, operários ouvidos pelo G1 descreveram que o local que receberia o Papa em Guaratiba estava bastante alagado. O Exército também afirmou ao repórter Darlan Alvarenga que o evento seria cancelado em Guaratiba.

“Tudo em vão”, afirmou um dos militares da Brigada de Infantaria Paraquedista, que realizariam durante a tarde um treinamento para a chegada do Papa no local. “Mas realmente não tinha condições. O solo não tinha condições de absorver mais nada. Seria um vexame.”
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