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Zimbábue força crianças a trabalhar em mina de diamantes, diz ONG

AP

A organização de direitos humanos Humans Rights Watch denunciou em um relatório divulgado nesta sexta-feira que as Forças Armadas do ditador Robert Mugabe tomaram o controle das minas de diamante do país e mataram mais de 200 pessoas, forçando crianças e moradores locais a escavar a terra em busca de pedras.

Tsvangirayi Mukwazhi/AP

Mineradores cavam em busca de diamantes no Zimbábue; ONG denuncia que Forças Armadas escravizam crianças nas minas
Os diamantes alimentam a vida de luxo da elite política de um país marcado por uma epidemia de cólera, hiperinflação, fome e desemprego. Pesquisadores da organização afirmam que os lucros do comércio ilegal de diamantes está sendo revertido diretamente para os principais nomes do partido Zanu-PF, de Mugabe --no poder desde 1980--, assim como o Banco de Reservas do Zimbábue.

Segundo o jornal "The Guardian", o dinheiro dos diamantes pode ajudar o Zanu-PF a se refortalecer para as próximas eleições, previstas para daqui há dois anos --depois que um acordo de meses colocou o líder opositor, Morgan Tsvangirai, no recém-criado cargo de primeiro-ministro.

O relatório da organização alega que os aliados de Mugabe estão torturando e batendo em moradores das vilas próximas às minas de diamante, no distrito de Marange, oeste do país. As estimativas da ONG apontam que cerca de 300 crianças ainda trabalham escavando a terra em busca das pedras.

A Humans Rights Watch pede assim um boicote aos diamantes extraídos na região, pedido que recebeu o endosso do casal Brad Pitt e Angelina Jolie.

O vice-ministro de Mineração do Zimbábue, Murisi Zwizwai, negou as alegações e afirmou que a presença dos militares na mina é apenas para garantir a segurança no local.

Mais de cem testemunhas, mineiros, policiais, soldados e crianças, foram entrevistados para o relatório da ONG, que detalha as alegações de violação aos direitos humanos na tentativa de tomar o controle da exploração das pedras.

A ONG afirma ainda que seus pesquisadores reuniram evidência de covas rasas com dezenas de corpos e um incidente no ano passado, quando um helicóptero militar atirou nos mineradores, enquanto soldados perseguiam moradores da área.

"Há centenas de vítimas dos abusos que não estão dispostas a relatar o que ocorreu por medo dos militares", afirma uma das pesquisadoras, Dewa Mavhinga.

O relatório coloca ainda pressão sobre o recém-formado governo de coalizão pata que interrompa os abusos e julgue os responsáveis. Também pedem que a comunidade internacional pressione o Zimbábue a combater o comércio ilegal de diamantes.

As minas de diamante de Marange foram descobertas em 2006, no ápice da crise política, econômica e humanitária do país. Os moradores correram para a área e começaram a achar diamantes muito próximos da superfície.

A mineração, agora, é controlada pela Corporação de Desenvolvimento de Mineração do Zimbábue, sob a proteção dos militares.

Estimativas indicam que os diamantes representam uma fortuna de US$ 200 milhões por mês, embora a corporação afirme que tenha lucrado US$ 15 milhões em 2007 com a exportação das pedras preciosas.

Zwizwai afirma que o país não tem dinheiro para cercar a área de mineração e por isso usa o Exército para garantir a segurança da região.

Ele nega os relatos de mortes pelos militares na região, mas afirma que há confrontos entre os escavadores ilegais que deixaram três mortos e oito presos.

"A operação especial das forças de segurança foram bem sucedidas como evidenciado pela ordem e limpeza que prevalecem na área de Marange", disse o vice-ministro
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