O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) constatou que a quase totalidade (96%) dos grupos de trabalhadores conseguiu reajustes salariais que, pelo menos, cobriram as perdas com a inflação, ao longo dos primeiros cinco meses do ano.

Em 2008, no mesmo período, o percentual havia sido um pouco menor: 89% das negociações salariais nessa época lograram cobrir as perdas com a inflação.

Segundo a área de análise econômica da entidade, "é possível notar que a instabilidade econômica causada pela crise internacional até o momento não se refletiu de forma negativa nas negociações coletivas dos reajustes salariais".

Os economistas do Dieese constataram ainda que "combinada à queda da inflação e às pressões sindicais, a recomposição das perdas e a conquista de aumentos reais, ainda que modestos, não sofreram nenhuma alteração nos meses que se seguiram a setembro de 2008".

Categorias

O órgão acompanhou 100 categorias de trabalhadores, nos três setores da economia: indústria, comércio e serviços, num total de 706 negociações salariais.

O levantamento do Dieese constatou que, em 78% dos casos acompanhados, os reajustes ficaram acima da inflação do período (considerando a data-base de reajuste da categoria), medida pelo INPC (índice de preços mais utilizado como referência para negociações de salário).

A maior parte desses ganhos acima do INPC, no entanto, ficou entre 0,01% e 0,5%, caso de um quarto das negociações salariais constatadas pelo Dieese. Uma minoria de 3% das categorias conseguiu reajuste acima de 5% sobre a inflação