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EUA enviam armas a islâmicos moderados da Somália; confronto matou 250

Folha Online

O Departamento de Estado americano confirmou nesta sexta-feira o envio de armas à Somália com o objetivo de ajudar o governo islâmico moderado a combater as milícias islâmicas radicais em um confronto que já deixou 250 mortos desde maio, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas).

Os insurgentes lançaram em 7 de maio passado uma ofensiva contra o presidente Sharif Sheikh Ahmed. As milícias, intituladas Al Shabab, controlam grande parte do sul do país e a capital, Mogadíscio, em uma tentativa de impor um regime radical ao país.

O jornal espanhol "El Pais" destaca em reportagem a mudança na postura norte-americana. Em dezembro de 2006, Washington, na época sob o comando do republicano George W. Bush, apoiou a invasão etíope para derrubar um governo no qual atuavam juntas as duas facções islâmicas que, agora, se enfrentam na Somália. O presidente Ahmed, afirma a publicação, era o principal dirigente do governo.

O fracasso, contudo, do presidente laico Abdullahi Yusuf Ahmed em conter a guerra civil que devasta o país há 18 anos, forçou a ONU a resgatar Ahmed.

"Os EUA entregaram armas e munições", afirmou o porta-voz do departamento de Estado, Ian Kelly.

O objetivo é permitir que as tropas do governo expulsem os insurgentes radicais e evitem a queda de Mogadíscio --um problema que se expandiu para os mares em uma onda de ataques somalis que causou perdas de milhões de dólares e motivou o deslocamento de tropas navais da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Segundo a agência de refugiados da ONU, mais de 250 civis morreram e outros 900 ficaram feridos nos combates na Somália desde maio.

A agência afirmou que mais de 160 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas, unindo-se a milhões de refugiados dos 18 anos de guerra civil.

O governo anunciou nesta sexta-feira que criou o maior campo de refugiados do mundo, que recebe 550 refugiados por dia.

Dadaab, que fica no território queniano, há 80 km da fronteira, abriga mais de 280 mil refugiados em uma área capaz de abrigar 90 mil.

Somente neste ano, a agência de refugiados da ONU registrou quase 38 mil novos refugiados. A maioria foge da violência e pobreza.

"O novo fluxo de refugiados está colocando mais pressão ma já antiga infraestrutura", disse Anne Campbell, chefe do escritório da ONU em Dadaab. "Nós apelamos ao governo queniano que nos dê terra para abrigá-los e pedimos a doadores que nos deem fundos necessários para estabelecer um novo campo e melhorar os antigos", disse.
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