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Partido indica filho de ex-premiê assassinado para governar Líbano
Folha Online
O partido libanês que conquistou mais cadeiras no Parlamento nas últimas eleições gerais, Corrente do Futuro, escolheu nesta sexta-feira seu líder, Saad Hariri, como candidato para ocupar o posto de primeiro-ministro, segundo a agência estatal NNA. A aliança pró-ocidental em torno de Hariri derrotou a coalizão liderada pelo grupo militante xiita Hizbollah nas eleições de 7 de junho, e agora os dois lados buscam montar um governo de união.
A escolha de Hariri, filho do ex-primeiro-ministro (1992-98 e 2000-04), assassinado em 2005, coincide com o começo dos contatos feitos pelo presidente do país, Michel Suleiman, com os diferentes grupos políticos, para escolher um novo chefe de governo.
Com a confirmação do nome de Hariri, Suleiman precisa agora concluir as reuniões com os diferentes grupos políticos, que começaram nesta sexta-feira às 15h30 (9h30 de Brasília).
As consultas do presidente devem durar até este sábado, quando se espera que ele designe o primeiro-ministro, que por sua vez vai iniciar consultas com os blocos parlamentares para formar um gabinete que possa ganhar um voto de confiança no Parlamento.
O grupo militante xiita Hizbollah e seus principal aliado, o general cristão Michel Aoun, declararam que não indicaram Hariri ou qualquer outra pessoa para o cargo de primeiro-ministro em suas reuniões com o presidente, mas o secretário-geral do Hizbollah, Hassan Nasrallah, reuniu-se com Hariri nesta madrugada para discutir a futura formação do Executivo.
Nesta quinta-feira, os deputados libaneses reelegeram para um quinto mandato o presidente do Parlamento, o xiita pró-Hizbollah Nabih Berri.
A escolha dos titulares dos principais cargos do país respeita a estrutura de partilha de poder entre os setores religiosos, que determina que o presidente do Parlamento deve ser um muçulmano xiita, o primeiro-ministro, um muçulmano sunita e o presidente, um católico maronita. Tanto o Parlamento quanto o Gabinete são divididos ao meio entre muçulmanos e cristãos. Essa estrutura foi definida após a guerra civil nas décadas de 70 e 80 entre as diferentes facções do país.
O pai de Saad Hariri, Rafik foi morto por um caminhão bomba em 2005, depois de renunciar ao cargo. O assassinato desencadeou protestos maciços contra a Síria, que muitos, incluindo Saad Hariri culparam pelo ataque. As manifestações, juntamente com a intensa pressão internacional, forçaram a Síria a retirar dezenas de milhares de soldados que mantinha no Líbano, encerrando quase três décadas de controle sírio sobre o país vizinho.
Após a morte do pai, Saad Hariri se tornou o líder do principal partido político do país, mas na última legislatura (2005-2009), Fouad Siniora, também membro da Corrente do Futuro e ex-ministro da Fazenda, foi o candidato da maioria parlamentar para assumir o governo.