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'Ainda triste', diz professora de garoto suspeito de matar pais em SP

G1

 Três dias depois do último abraço no aluno Marcelo Pesseghini, garoto de 13 anos suspeito de matar os pais e depois se suicidar na segunda-feira (5), na Zona Norte de São Paulo, a professora Ana Paula Alegre, que chegou a lamentar a morte em seu perfil no Facebook, disse não querer falar sobre o assunto. Ainda assim, relatou por telefone se sentir “triste”, em sua casa, na manhã desta quinta-feira (8).

A docente preferiu não comentar as investigações sobre o caso e também não quis detalhar o perfil do aluno. “Quero que respeitem essa perda do meu aluno. Só isso”, disse. Na segunda-feira, ela chegou a publicar em uma rede social: “dei aula para ele hoje. Conversei, brinquei, dei risada. Dei um abraço tão gostoso, e agora acabou”, escreveu Ana Paula Alegre. A professora postou ainda que estava sendo “muito difícil. Uma dor que não se explica.”


Desde terça-feira (6), as aulas estão suspensas na escola Stella Rodrigues, na Zona Norte da capital, onde Marcelo estudava. A administração do colégio informou, na quarta-feira (7), que as aulas serão retomadas apenas na segunda-feira (12) e que os alunos receberão atendimento psicológico.

Em nota, a escola definiu Marcelo como “um garoto dócil, alegre, com boas relações com os colegas e com o Corpo Docente do colégio”. Sobre os pais, o texto diz também que “Luis Marcelo e Andreia sempre foram participativos, atuantes e presentes em todas as atividades relacionadas à escola, família e aluno, acompanhando sempre de perto seu desenvolvimento pedagógico e pessoal.”

O adolescente, segundo a escola, foi matriculado no colégio em 2006, aos 5 anos, e “sempre alcançou um bom rendimento pedagógico, apresentando comportamento e atitudes normais”. Na segunda-feira, última vez em que esteve na escola, o menor, ainda segundo a instituição, “se comportou normalmente como sempre, participando de todas as atividades propostas e com o mesmo jeitinho carinhoso com seus professores e funcionários em geral, não apresentando qualquer tipo de comportamento anormal.”
De acordo com laudo preliminar da perícia, os policiais militares Luís Marcelo Pesseghini, de 40 anos, e Andréia Regina Bovo Pesseghini, de 36 anos, foram os primeiros a serem assassinados na Vila Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. A Polícia Civil aponta que o filho do casal, Marcelo Pesseghini, de 13 anos, é suspeito de cometer os crimes e depois se matar.
Os exames apontam a sequência de mortes na residência na Rua Dom Sebastião. Primeiro morreu o pai do jovem, que trabalhava na Rota, depois a mãe e, em seguida, a avó dele, Benedita de Oliveira Bovo, de 67 anos, e a tia-avó, Bernadete Oliveira da Silva, de 55 anos.
As duas últimas vítimas moravam em outra casa no mesmo terreno. A avó e a tia-avó do garoto tomavam remédios fortes para dormir, por isso não devem ter percebido a aproximação do adolescente. Os medicamentos foram encontrados pela polícia ao lado da cama das vítimas.

A perícia da Polícia Técnico-Científica também mostrou que todos os tiros saíram da mesma arma, uma pistola .40 que pertencia a Andréia. O adolescente teria usado a mesma pistola para se matar, segundo os peritos. A arma estava na mão do garoto, que estava com o dedo no gatilho.

Segundo a investigação, as pegadas do adolescente na casa mostram que, depois que volta da escola, ele vai até a mãe já morta, passa a mão no cabelo dela e depois se mata. Foram encontrados fios de cabelo que seriam da policial militar entre os dedos do filho.

Carro

A perícia encontrou um par de luvas no banco de trás do veículo. As peças foram mandadas para análise, que vai mostrar se havia vestígios de pólvora. O carro, segundo a a polícia, foi usado por Marcelo após o crime para ir até a escola, que fica a cerca de 5 km da casa da família

As informações foram divulgadas na manhã desta quarta-feira (7) pelo delegado Itagiba Franco, da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). O exame nas luvas será mais uma ferramenta para indicar a autoria do crime, já que o exame residuográfico feito na mão de Marcelo deu negativo para vestígios de pólvora.

Segundo Franco, na segunda perícia feita na casa na noite desta terça-feira (6) foram recolhidas novas armas. "Foram encontradas duas armas que pertenciam ao policial e que estavam guardadas na casa".
Além dessas duas novas armas, já haviam sido apreendidas a pistola .40, que pertencia à Andréia e teria sido usada no crime, e uma outra arma que era de um avó de Marcelo.
Na terça-feira, Franco havia dito que um amigo de escola, cujo nome não foi revelado, contou em depoimento à polícia que o garoto Marcelo já tinha manifestado o desejo de matar os pais e que queria ser "matador de aluguel".
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