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Jovem voluntário de 21 anos se considera pai de quase 30 homens

G1

Aos 21 anos de idade, Welton de Souza diz que se sente pai de cerca de 30 homens que buscam, principalmente, tratamento contra as drogas, em Porto Velho. Welton é voluntário em um projeto religioso chamado Cristolândia que retira das ruas dependentes químicos. O projeto existe há cerca de dois meses em Porto Velho e foi criado em São Paulo.

Quando escolheu o voluntariado, Welton vivia com os avós em Ouro Preto do Oeste (RO), município distante cerca de 330 quilômetros de Porto Velho. Filhos de pais separados, o jovem não mantêm contato com o pai desde os 11 anos. Welton conta que viu a mãe morrer atropelada por uma carreta, mas garante que apesar de tudo escolheu ajudar as pessoas e sente falta da presença do pai. "Meu avó me criou, me deu amor, mas não é a mesma coisa”, diz.

Como voluntário no Cristolândia, Welton já passou por São Paulo e Rio de Janeiro e está complentando o ciclo de um ano, tempo que é permitido no projeto, em Porto Velho. Há cerca de dois meses na cidade, o jovem mora na casa onde os moradores de rua e usuários de drogas procuram ajuda por alimentação e banho. “Meus amigos dizem que sou louco.

As próprias pessoas que veem aqui procurando por comida dizem que sou louco. Mas eu gosto de ajudar. E me sinto responsável por eles quando eles pedem ajuda. Me sinto pai deles”.

Uma das coisas que Welton mais faz, é "emprestar os ouvidos" para os filhos. Segundo ele, nem todas as pessoas aceitam ficar no projeto de restauração do caráter. “Sei que sou jovem, mas eu posso ajudar. Eu posso ser exemplo e quero ajudar as pessoas. Ser pai é estar presente. Meu pai longe, é uma dor que ninguém vai curar. Quantos pais que estão longe dos seus filhos por causa das drogas. E de alguma forma eu posso ajudar”, diz.

Ao G1, Welton revela que ao ser voluntário tenta suprir algumas dúvidas. "Quando decidi ser voluntário, eu não sabia se era realmente isso que deveria fazer. Mas hoje, tenho certeza e vou continuar. É algo que me faz crescer e entender muitas revoltas que eu tinha", revela.

Durante o tratamento pelo qual usuários de entorpecentes passam para se livrar do vício, elas são encaminhados para um sítio. Lá, os internos recebem tratamentos psicológicos, terapia ocupacional e ajuda até para comer, dependendo do caso. É quando desperta o lado mais paterno de Welton. Cada pessoa que chega recebe tratamento necessário e cria um vínculo de amor entre eles. Mas há casos de frustação. “Um dia chegou um homem todo machucado, em abstinência de álcool. Eu dei banho, comida, água. Quando ele se recuperou foi embora e ainda bravo. Me senti muito mal. Parece que estou o tempo todo sendo treinado para ser pai e nesse caso eu fui fraco. Mas meu treinamento é intenso, não é só de um filho, são quase sempre 30”, diz o voluntário que encerra seu ciclo no final deste ano e deve começar a cursar psicologia.
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