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Mesmo em dificuldades, pais de menino boliviano morto em SP não pensam em voltar a morar no Brasil

R7

O menino boliviano Brayan Yanarico Capcha, de cinco anos, foi morto com um tiro na cabeça no fim de junho, na casa em que vivia com a família, em São Mateus, na zona leste de São Paulo. Dos cinco acusados pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte), três estão detidos e dois continuam foragidos, incluindo Diego Rocha Freitas Campos, de 19 anos, apontado pelos comparsas e pela polícia como o autor do disparo que matou a criança.

Os pais de Brayan, Verônica Capcha Mamani e Edberto Yanarico Capcha Mamani, voltaram para a Bolívia para enterrar o filho e resolveram não retornar ao Brasil, onde estavam há seis meses. Segundo a advogada da família, Patrícia Vega, eles vivem dificuldades em Tacamara, vilarejo que fica perto do lago Titicaca, na fronteira da Bolívia com o Peru. Lá vivem também os avós do menino.

— Eles nem conseguiram tocar a vida deles ainda. Eles estão esperando, até porque eles estão vivendo aquele luto. Lá também o povoado em que eles moram não tem o que fazer, tem cerca de 2.000 metros quadrados o terreno dos pais da Verônica e dos pais do Edberto, é limitado.

A avó materna de Brayan, Cecília, é uma das que mais sofrem com a perda do neto. Contudo, ela pouco pode fazer para ajudar os pais do menino, que lutam pela sobrevivência.

— Só se planta fava e batata, fora isso não tem o que fazer, tem que ficar esperando o negócio crescer. Não é questão de querer, não tem o que fazer.

Os pais de Brayan lidam com muitos desafios, segundo a advogada. O casal e a família sequer possuem mesas para comer.

O casal Edberto e Verônica visita diariamente o túmulo do filho, faz orações e aguarda por Justiça.

Apesar do receio dos familiares em voltar ao Brasil, eles devem comparecer ao julgamento dos acusados pela morte do filho, de acordo com Patrícia Vega. A previsão da defensora é que o júri popular, caso confirmado nas próximas semanas, aconteça no primeiro semestre de 2014.

— Eles viriam só para o julgamento, até porque é muito importante que eles falem. Então eles estarão aqui, só não sei como, porque tem a questão financeira envolvida. Eles se propuseram a vir, até porque eles queriam, e os pais deles também queriam, não digo nem as mães, mas os pais, os avôs queriam muito ver os rapazes (acusados pelo crime), mas isso não será possível.

A previsão da polícia é de que o inquérito seja concluído até o fim de agosto. A família boliviana deve solicitar a ajuda do consulado do país andino para poder vir a São Paulo.


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