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Projeto Educação mostra por que Revolução Industrial segue em curso

G1

 O ano era 1750 e o cenário, a Inglaterra. A mudança fundamental que se viu ali – hoje conhecida como Revolução Industrial – ainda reverbera no mundo contemporâneo e é o tema da aula desta quinta-feira (22) do Projeto Educação, com o professor de história geral Ricardo Gomes.

A Revolução Industrial praticamente colocou um fim no trabalho artesanal, que acabou perdendo espaço para as máquinas. Essa substituição foi um dos pontos mais importantes do conjunto de transformações que marcaram a Europa e o mundo, em meados do século 18. Com a vantagem que as máquinas adquiriram, o sistema de produção mudou.

“A Revolução Industrial mudou a capacidade humana de produção de mercadorias. A gente pode dizer que, a partir dela, se tornou quase infinita a capacidade do homem de produzir em grande quantidade e em ritmo acelerado. Naquele momento, a indústria que mais se destacou foi a de produção de tecido, a partir do algodão e também da lã”, explica o professor.

Mas não foi só a forma que sofreu alterações: o ritmo de trabalho também ficou diferente. “Um dos elementos que contribuíram bastante para que a Revolução Industrial fosse possível foi a liberação de uma grande quantidade de mão de obra barata para a indústria. A gente teve, na Inglaterra, no século 18 e início do século 19, a prática do cercamentos dos campos, onde, com a ajuda do governo, os ricos e poderosos iam até os campos, expulsavam os pequenos proprietários, que viravam sem-terras, e aí, desempregados no campo, eram obrigados a ir para as cidades, buscar emprego nas fábricas”, contextualiza Ricardo Gomes.

O professor continua: “Qual foi a mudança no ritmo de trabalho? No campo, ele [o trabalhador] estava muito acostumado ao ritmo que era imposto pelas estações do ano, pelo ciclo das culturas. Na fábrica, eles tinham que trabalhar dentro de um regime muito rígido. Havia um código de conduta e até multas se um trabalhador se desligasse, em um determinado momento, do que estivesse fazendo”.

Mas não foram só os homens que passaram a trabalhar nas fábricas. Para a renda das famílias ser mantida, muito mais pessoas se tornaram operárias, mesmo que não tivessem idade para isso. “Muitos empresários tiveram preferência de empregar em suas fábricas a mulher e a criança, porque recebiam menos e eram uma mão de obra, digamos assim, muito dócil. Em muitos casos, o homem chegou a ficar em casa. Mas havia também aquela situação do salário ser tão baixo que o homem levava a esposa e os filhos para a fábrica, para a complementação da renda”, diz o professor Ricardo Gomes.
Depois de 263 anos, a Revolução Industrial ainda está em curso. “Não acabou, no que diz respeito aos avanços tecnológicos incorporados à produção de bens e serviços. Como também a luta operária ainda não acabou. Direitos básicos que a sociedade fazia questão de não enxergar agora são obrigatórios, em função da luta trabalhista”, finaliza.
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