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Tepco detecta focos de radiação perto de tanques de Fukushima

Terra

  A Tokyo Electric Power Co (Tepco), que opera a usina nuclear de Fukushima, anunciou nesta quinta-feira ter encontrado novos focos de radiação perto de tanques de armazenamento de água radioativa, mas esclareceu que não há novos vazamentos.

Acredita-se que cerca de 300 toneladas de líquido tóxico tenham escapado de um dos tanques que armazenam água contaminada. Parte desse líquido havia sido usado para resfriar os reatores defeituosos, no incidente mais grave em quase dois anos.

A Tepco alertou que uma parte do líquido pode ter desaguado no Oceano Pacífico.

Nesta quinta-feira, aproximadamente 300 outros tanques similares foram inspecionados e a Tepco disse que, apesar de nenhum outro vazamento ter sido detectado, duas áreas são motivo de preocupação.

"Confirmamos que há dois pontos em que os níveis de radiação estão elevados", perto de outros dois tanques, informou a empresa em um comunicado.

Porém, os níveis destes tanques não sofreram alterações desde que eles foram utilizados para armazenar a água contaminada. Além disso, a terra ao redor deles estava seca, acrescentou o documento.

As inspeções foram motivadas pela descoberta de um vazamento que, de acordo com a empresa, pode ter feito com que material radioativo chegasse ao mar. A possibilidade de haver vazamentos semelhantes em outros depósitos preocupou a agência nuclear do país.

Na quarta-feira, agentes de regulação nuclear disseram que o vazamento foi classificado no nível três, que corresponde a um "incidente grave" na Escala Internacional de Eventos Nucleares da ONU (Ines), cujo máximo é sete pontos. Antes, o nível de alerta era um, que diz respeito a uma "irregularidade".

O terremoto e o tsunami de março de 2011 provocaram colapsos na usina, que foram classificados no nível sete da escala Ines. O desastre de Chernobyl, em 1986, foi o único incidente que recebeu a mesma classificação.

A Tepco informou que as poças d'água próximas do tanque com vazamento são extremamente tóxicas. Para se ter ideia, qualquer pessoa exposta a elas receberia a mesma quantidade de radiação em uma hora do que um trabalhador de uma usina nuclear no Japão está autorizado a receber em cinco anos.

A ausência de um medidor de volume no tanque de 1000 toneladas tornou a detecção do problema mais difícil, argumentam os especialistas.

Os cientistas dizem que os níveis de radiação no oceano estavam se recuperando em vários pontos ao longo da costa de Fukushima.

"É muito cedo para avaliar o impacto do último vazamento. Tudo o que podemos fazer é continuar monitorando os níveis de radiação marinha com bastante atenção", disse Masashi Kusakabe, pesquisador do Instituto de Pesquisas de Ecologia Marinha.

Jota Kanda, um oceanógrafo e professor da Universidade de Tóquio de Ciência e Tecnologia Marinha, disse que "é inevitável que um pouco de água tenha atingido o mar. Até agora, o impacto no ambiente marinho é limitado, mas tudo vai mudar se houver mais vazamentos".

A Tepco - que enfrenta enormes custos de limpeza - tem lutado para lidar com as consequências do desastre. Mais de dois anos após os colapsos, a companhia continua a enfrentar dificuldades. A principal delas é achar uma solução para lidar com a grande quantidade de água usada para resfriar os reatores quebrados.

Cerca de 1.000 tanques de tamanhos variados foram instalados no local para conter a água, mas os especialistas alertam que isto não passa de uma solução temporária.

Uma série de problemas e atrasos na comunicação com o público contribuíram para a impressão negativa sobre o processo de limpeza da enorme usina.

A Tepco admitiu em julho, pela primeira vez, que águas radioativas subterrâneas tinham escapado da usina.

Este mês, a empresa começou a bombear água para fora para reduzir a água que atinge o Pacífico e informou, nesta semana, que 30 trilhões de becquerels de estrôncio e césio, substâncias que podem causar câncer, podem ter chegado ao mar desde maio de 2011, por causa deste vazamento.

Nenhuma morte foi registrada como resultado direto da radiação liberada, mas grandes áreas ao redor da usina precisaram ser abandonadas. Dezenas de milhares de pessoas ainda podem retornar para suas casas, enquanto os cientistas alertam para a necessidade de saída de algumas outras áreas.

Na quinta-feira, os pescadores do norte de Fukushima decidiram suspender as operações de teste de 15 meses temerem a poluição do mar, informou a agência de notícias Kyodo.
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