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Senado iniciará discussão sobre perda de mandato de condenados, diz Renan

Terra

  Em meio à polêmica por conta da rejeição da cassação de Natan Donadon (sem partido-RO), preso por peculato e formação de quadrilha, na quarta-feira, na Câmara dos Deputados, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informou nesta quinta-feira que a Casa começará a debater na sessão plenária de hoje a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/13, que determina a perda imediata dos mandatos de parlamentares condenados, em sentença definitiva, por improbidade administrativa. As informações são da Agência Câmara.

O presidente do Senado voltou a afirmar que a condenação na Justiça é incompatível com o exercício do mandato parlamentar. Para Renan, a decisão do Plenário da Câmara de manter o mandato de deputado de Donadon pode ser classificada como uma situação “surreal”.

“Como todos sabem, a Justiça existe para julgar e não tem absolutamente nenhum cabimento o Congresso rever e repetir esse julgamento”, disse Renan. “É indiscutível que nos encontramos em um labirinto político. Presidiário não se conjuga com mandatário do povo.”

Acusações
Donadon foi acusado de participar de um esquema de fraude em licitações para contratos de publicidade da Assembleia Legislativa de Rondônia entre 1998 e 1999, quando era diretor financeiro da Casa. A fraude totalizaria R$ 8,4 milhões em valores da época. O Supremo Tribunal Federal (STF) considerou culpado o parlamentar em 2010, mas a execução da prisão foi adiada com sucessivos recursos.

A sessão da cassação foi marcada pela presença do deputado, que deixou o presídio da Papuda em um camburão para fazer um discurso de 25 minutos em sua defesa, na Câmara. Sem algemas, Donadon dedicou boa parte de sua fala para falar das dificuldades que ele e sua família passaram desde sua prisão, para depois rebater as acusações que levaram à condenação.

Apesar de preso, Donadon continua com o mandato parlamentar, mas com salário e demais benefícios cortados. O PMDB decidiu afastá-lo do partido depois da condenação pelo envolvimento na fraude da assembleia de Rondônia.

“Acabo de chegar do presídio da Papuda, onde completa hoje dois meses que lá estou preso, no presídio, sendo tratado como preso qualquer, um preso comum. Muito difícil para mim estar passando por essa situação, numa prisão, num isolamento, prisão de segurança máxima”, disse o deputado, que teve 25 minutos reservados para falar em sua defesa.

O parlamentar disse ter ido ao Plenário para esclarecer “a verdade”. “Eu vim aqui para dizer a verdade. Eu nunca desviei um centavo de lugar nenhum. Que procurem os responsáveis. Quebrem o sigilo bancário de quem quer que for”, disse, ao apontar supostas falhas do Ministério Público de Rondônia na investigação da contabilidade de empresas ligadas ao esquema.

Eleito com 43.627 votos, Natan Donadon não teve seus votos computados em 2010 com base na aplicação da lei da Ficha Limpa. Ele foi diplomado após a concessão de uma liminar do ministro Celso de Mello, por entender que ainda cabia recursos ao político de Rondônia.
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