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Senadores querem que espionagem seja tratada em órgãos internacionais

G1

  O presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), e o líder do PT na Casa, Wellington Dias (PI), defenderam nesta segunda-feira (2) que as denúncias de que a presidente Dilma Rousseff foi alvo de espionagem dos Estados Unidos sejam levadas para discussão organismos internacionais. Eles ainda sugeriram que o tema seja discutido pessoalmente com o presidente norte-americano, Barack Obama, na visita que Dilma fará a Washington em outubro.

Neste domingo, reportagem exibida pelo Fantástico mostrou que documentos classificados como ultrassecretos, que constam em uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos EUA, revelam que Dilma e seus principais assessores foram alvo direto de espionagem da NSA. Nos últimos meses, uma série de documentos vazados pelo ex-técnico da Agência Central de Inteligência (CIA) Edward Snowden revelaram um dos maiores casos de espionagem norte-americana da história.

Para Ricardo Ferraço, é preciso “criar constrangimento” na primeira oportunidade de discutir o tema no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) – durante o discurso de Dilma na abertura da Assembleia-Geral da ONU, na segunda quinzena de setembro.

“Este é um tema que deve constar na pauta e na agenda. É preciso criar todo um tipo de constrangimento. Não é preciso tolerar esse tipo de intervenção no sigilo telefônico, e-mail, internet, qualquer que seja o meio de comunicação, da presidente da República. Nenhum de nós deve desconhecer e ignorar isso”, declarou Ferraço.
O senador defendeu, ainda, que o parlamento brasileiro se articule com parlamentos de outros países ao tratar do tema. “É preciso fazer aliança internacional. Há reação em alguns congressos, no parlamento europeu, no francês - não é apenas o Brasil que está submetido a esse tipo de inconveniente. Os parlamentos podem e devem atuar em rede para colocar limite nessa espionagem”, afirmou.

O senador Wellington Dias disse acreditar que as denúncias afetam as relações diplomáticas entre os dois países, mas afirmou que tornam ainda mais evidente a necessidade de Dilma conversar sobre o tema com Obama na visita de estado que ela fará aos Estados Unidos.

“Acho que ela tem que ir e tem que tocar [neste tema]. Somos hoje um país que tem responsabilidades com as decisões do mundo. Tem que encarar olho no olho e não pode deixar isso passar”, afirmou o líder.
No entando, para o líder do DEM, senador José Agripino (RN), é preciso apurar as denúncias de modo a não “vitimizar” o governo brasileiro. “Esse é um assunto a ser investigado pelo próprio governo. O governo tem elementos institucionais suficientes e capazes de esclarecer esse fato. [...] Vamos com muita cautela nisso. A autonomia do estado tem de ser preservada, mas é preciso apurar até onde vão essas denúncias", disse Agripino.

CPI da Espionagem
Nesta terça-feira deverá ser instalada no Senado uma Comissão Parlamentar de Inquérito proposta logo após as primeiras denúncias de que empresas e cidadãos brasileiros ou com passagem pelo Brasil foram alvo da espionagem norte-americana.

O senador Ricardo Ferraço disse que o Senado já tem feito a sua parte ao convidar o embaixador norte-americano no Brasil, Thomas Shannon, para participar de audiência pública para esclarecer as denúncias. O embaixador, no entanto, informou pessoalmente a Ferraço que depende de autorização do governo norte-americano.

“O que nós gostaríamos era de ter a oportunidade e prerrogativa de convocar embaixador para que pudesse prestar contas ao Congresso Nacional, mas ele goza da imunidade diplomática e não temos essa prerrogativa para garantir que ele venha”, declarou o presidente da Comissão de Relações Exteriores.
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