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Nova embaixadora dos EUA chega ao Brasil na próxima semana

Terra

 A nova embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, desembarcará na capital federal no começo da próxima semana. A diplomata assume o posto no momento de tensão entre o Brasil e os Estados Unidos em decorrência das denúncias de espionagem, por agências americanas, à presidenta da República, às autoridades, aos cidadãos e, mais recentemente, à Petrobras.

Os assessores examinam a possibilidade da embaixadora Liliana Ayalde fazer uma declaração à imprensa - sem perguntas dos jornalistas - no dia em que ela desembarcar em Brasília. A previsão é que ela chegue até o dia 18. A embaixada mantém sob sigilo a data exata.

Liliana Ayalde substitui o embaixador Thomas Shannon, que ficou no posto três anos e meio e deixou Brasília na sexta-feira. A substituição estava prevista há três meses. Diplomata de carreira, Liliana Ayalde serviu no Paraguai e na Colômbia e demonstra conhecimento sobre América Latina a exemplo de seu antecessor.

Shannon será assessor especial do secretário de Estado (o equivalente a chanceler), John Kerry. Embaixador no Brasil desde fevereiro de 2009, nos últimos dias Shannon foi convocado duas vezes ao Ministério das Relações Exteriores - Itamaraty - para explicar as denúncias de espionagem, por agências norte-americanas, às comunicações internas do Brasil.

O ex-embaixador conversou, por cerca de uma hora, com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, antes de deixar o posto em meio às cobranças do governo brasileiro aos Estados Unidos por explicações sobre espionagem.

"O Brasil é um país democrático, um Estado sólido, em uma região democrática e sólida, que busca a convivência com seus parceiros de forma amistosa. Não se pode admitir nem em sonho que é um país de risco ou problemático", disse Figueiredo Machado, na ocasião.

O governo brasileiro classificou o episódio como inadmissível e inaceitável, expressões usadas tanto por Figueiredo como pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pela suposta espionagem à presidenta. A presidente Dilma Rousseff conversou com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que prometeu explicações.

Figueiredo Machado conversará nesta quarta-feira, no final da tarde, com a conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, em Washington (Estados Unidos). O chanceler foi pessoalmente cobrar as explicações, prometidas por Obama à Dilma.

Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.
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