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Polícia investiga se facção mandou matar suspeitos de assassinar Brayan

G1

 A Polícia Civil investiga se a facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas mandou matar quatro dos cinco suspeitos pelo envolvimento no assassinato do menino boliviano Brayan Yanarico Capcha. O garoto de 5 anos foi morto com um tiro na cabeça na frente dos pais, durante assalto em 28 de junho, na casa da família, numa favela de São Mateus, na Zona Leste da capital paulista. Um dos assaltantes atirou porque a criança chorava.

Dois homens suspeitos, que eram procurados pelo crime e estavam foragidos, tiveram seus corpos achados com marcas de tiros em 7 de julho na Zona Norte de São Paulo. A confirmação dessas mortes só foi divulgada pela polícia em setembro, após exames. Outros dois adultos suspeitos que estavam presos temporariamente pela morte de Brayan foram encontrados mortos em 30 de agosto dentro das celas que ocupavam em Santo André, no ABC. Eles teriam sido obrigados pelos outros detentos a beber uma espécie de veneno.

Um adolescente de 17 anos, detido porque teria participado do roubo que resultou no assassinato do boliviano, é o único dos cinco suspeitos que continua vivo. Pelo fato de ser menor de 18 anos de idade, ele está numa das unidades da Fundação Casa. Assim como os adultos, o jovem também foi ameaçado de morte por outros criminosos, segundo policiais e funcionários do sistema prisional informaram ao G1.

Foragidos mortos
Apesar de atuar com violência, promovendo, por exemplo, ataques contra forças de segurança do estado, a facção não tolera, entre outras coisas, assassinos de crianças e estupradores. Parentes dos cinco suspeitos pelo assalto que acabou com a morte de Brayan chegaram a procurar à polícia para denunciar que bandidos ligados a esse grupo criminoso estavam querendo matar os envolvidos no crime do boliviano. Os quatro homens e o adolescente moravam na mesma rua da família de Brayan.

O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), na capital, investiga as mortes de Diego Rocha Campos, de 20 anos, e de Wesley Soares Pedroso, de 19. Os dois foram encontrados com tiros nas cabeças, características de execução, numa região de mata no Jaçanã. Os dois eram procurados pela polícia como suspeitos de participar do assassinato de Brayan. De acordo com policiais que investigam o homicídio do boliviano no 49º Distrito Policial, em São Mateus, Diego foi quem atirou na cabeça do menino durante o assalto.

“Existem algumas hipóteses que estão sendo investigadas para tentar explicar as mortes do Diego e do Wesley. Estamos trabalhando com o fato deles terem sido assassinados. A autoria ainda é desconhecida, mas temos algumas linhas de investigação”, disse nesta sexta-feira (13) ao G1 o delegado Itagiba Franco.

“A linha maior é que a morte deles pode estar relacionada ao assassinato de Brayan. Estamos investigando se eles foram mortos a mando de alguma facção ou por outro motivo, como por exemplo, uma desavença com outros criminosos”, afirmou Itagiba Franco. Nenhum suspeito por essas duas mortes foi detido ainda.

Presos mortos
As mortes de Paulo Ricardo Martins, 19, e de Felipe dos Santos Lima, 18, estão sendo investigadas pelo Setor de Homicídios de Santo André. Os dois suspeitos estavam presos no Centro de Detenção Provisória da cidade do ABC. Esta sendo apurado se eles foram forçados pelos outros detentos a tomarem uma bebida chamada de ‘Gatorade’, que mistura água com cocaína, remédio para impotência sexual e creolina.

O G1 não conseguiu localizar nesta sexta o delegado Paulo Rogério Dionízio, do Setor de Homicídios de Santo André, para comentar o assunto. Policiais da equipe ouvidos pela reportagem informaram que uma das hipóteses investigadas para tentar esclarecer a morte dos dois presos é a de que uma facção tenha ordenado a execução deles para vingar o assassinato de Brayan. Nenhum suspeito por essas duas mortes foi detido ainda.

Procurada nesta manhã, a assessoria de imprensa da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que Paulo e Felipe foram encontrados mortos por volta das 14h30 do dia 30 de agosto.

“Outros presos solicitaram atendimento de urgência; imediatamente os agentes de segurança penitenciária os levaram à enfermaria da unidade penal, onde já chegaram sem vida”, informa a nota da SAP, que comunicou o caso à Polícia Civil, Polícia Técnico-Científica e instaurou procedimento preliminar para apurar a causa das mortes. A Corregedoria Administrativa do Sistema Penitenciário também foi acionada.
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