A enchente de 2011 no Alto Vale do Itajaí trouxe mudanças no comportamento dos moradores de Rio do Sul, no Vale do Itajaí. Com o alerta esta semana de possível aumento no nível do rio Itajaí-Açu, houve mobilização para que as casas fossem desocupadas antes da cheia. Na noite de sexta-feira (20), os primeiros trabalhos preventivos começaram pela cidade.

O secretário adjunto de planejamento do munícipio, Heber Xavier Ferreira, deixou a prefeitura às 18h e, com seu carro próprio, foi acompanhando a saída das famílias. O trabalho intenso foi durante a madrugada e, dessa vez, contou com a ajuda dos próprios moradores. Agora diz que sua missão é checar como estão os abrigos da cidade.

"A gente fez um tratado. Cada pessoa que tirava os móveis de sua casa assumia o compromisso de ajudar os dois vizinhos seguintes. Assim a gente conseguiu um alto número de engajamento das pessoas e conseguimos fazer um bom trabalho', disse.

Entre os bairros atendidos, Canoas, Taboão, Bela Aliança, Barragem e loteamento Bianchetti foram os mais prejudicados. Segundo Heber, o medo das pessoas em deixar sua casa e perder os pertences era grande. Assim, um trabalho de convencimento também precisou ser feito, com abordagens relembrando enchentes passadas. A equipe inicial tinha oito pessoas, com dois caminhões de carga fazendo o transporte dos móveis. No fim, de acordo com o secretário, havia mais de 20 voluntários e cada casa era desocupada em cerca de 45 minutos.

"São pessoas que perderam tudo em outros anos e não queriam mais viver isso. Então todo mundo resolveu ajudar. Em 2011 houve excesso de confiança e as pessoas reconstruíram tudo com o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Agora não terá mais dinheiro, então eles têm a consciência de que o melhor a fazer é sair de casa" contou.