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Governo reúne clubes e gestores para pedir ingressos mais baratos

Globo Esporte

 O governo federal iniciou nesta quinta-feira um movimento para tentar garantir ingressos a preços mais acessíveis nas novas arenas do país. O tema foi discutido em reunião realizada no Ministério do Esporte, em Brasília, que contou com a presença de representantes de clubes, empresas gestoras e governos estaduais e municipais com participação na administração dos estádios construídos ou reformados para a Copa do Mundo de 2014.

- Nós temos por consenso que essas novas arenas valorizam nosso futebol, dão mais conforto e segurança aos torcedores. São consequências positivas para o futebol. Mas também há o risco de uma consequência indesejada, que é a exclusão de uma parcela dos torcedores, que são os de baixa renda - defendeu o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

Durante o encontro, os responsáveis pelas arenas apresentaram planilhas de custos para a operação dos novos estádios e justificaram os valores cobrados nos ingressos. Nenhuma solução para redução dos preços foi proposta, mas as partes se comprometeram a buscar alternativas, que deverão ser apresentadas em uma nova reunião ainda no mês de outubro.

- Nós examinamos dados, números e ouvimos o depoimento dos clubes, das arenas e dos proprietários. É preciso levar em conta essa preocupação (com ingressos mais acessíveis), mas também outras que não são tão visíveis, como ter uma renda capaz de assegurar a viabilidade desses clubes e a operação dessas arenas. Sugestões serão enviadas por todos os integrantes da reunião, vamos produzir relatórios e fechar um conjunto de soluções possíveis e prováveis que serão encaminhadas para a Presidência da República - completou o ministro.

Nós temos por consenso que essas novas arenas valorizam nosso futebol, dão mais conforto e segurança aos torcedores. Mas também há o risco de uma consequência indesejada, que é a exclusão de uma parcela dos torcedores, os de baixa renda"
Aldo Rebelo, ministro do Esporte
Aldo Rebelo ainda fez questão de destacar que altos preços, como os cobrados no jogo entre Santos e Flamengo, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, pela rodada de abertura do Campeonato Brasileiro, são uma exceção. Na ocasião, os bilhetes custaram entre R$ 160 (R$ 80 a meia-entrada) e R$ 400.

- O que testemunhamos aqui é que a média dos preços não corresponde à ideia que se faz dela. Nós tomamos como referência muitas vezes um caso exorbitante, como foi no jogo entre Santos e Flamengo, mas a média de preço nos estádios é muito inferior - disse Rebelo.

Presente na reunião, o ex-presidente do Corinthians e responsável pelas obras do Itaquerão, Andrés Sanches, informou que a média cobrada pelo clube paulista é de R$ 62 em jogos da Libertadores da América e R$ 42 em partidas do Brasileirão. Valores que, para ele, não são abusivos.

- É caríssimo, mas também acho tantas outras coisas caras no país. Para se ter grandes jogadores, garantias, segurança para o público, acho que de R$ 50 para baixo não é muito. Tem que se achar o bom senso - justificou Andrés, que revelou ainda que o clube paulista pretende manter 40% dos espaços da Arena Corinthians com preços de R$ 50 ou menos.

Presidente da concessionária que administra o Maracanã, João Borba disse que a média de preços cobrados no estádio carioca é de R$ 54 em jogos do Campeonato Brasileiro e R$ 40 em partidas da Copa do Brasil. Segundo ele, propostas para viabilizar ingressos mais baratos serão discutidas entre o consórcio e os clubes cariocas, e apresentadas posteriormente ao Ministério do Esporte.

- Recebemos essa colocação do ministro Aldo Rebelo e vamos apresentar em conjunto com os clubes algumas sugestões para o trabalho que demos início hoje. Temos que estudar bem antes, para não ficar falando apenas em hipóteses.

Além de Andrés e Borba, também participaram da reunião dirigentes de Bahia, Botafogo, Fluminense, Grêmio e da CBF, além de representantes dos gestores dos estádios da Arena Pernambuco, Fonte Nova, Mineirão e Mané Garrincha.

Sem dinheiro público
Em busca de alternativas para garantir preços mais acessíveis nos novos estádios, o ministro do Esporte garantiu que, por enquanto, não é cogitada a aplicação de recursos públicos como subsídio.
- Nós não pretendemos colocar dinheiro público para a aquisição de ingressos - afirmou Aldo Rebelo.
Porém, foi levantada na reunião a possibilidade de inclusão do futebol no projeto do vale-cultura, que concede benefício de R$ 50 por mês para trabalhadores que recebem até cinco salários mínimos comprarem ingressos para festas populares, espetáculos de artes cênicas e música, exposições e cinema.
- Foi colocado na reunião que seria legítimo, se não de imediato, mas pensando em médio prazo, que o futebol também partilhasse esse vale-cultura, porque a Lei Pelé considera o futebol brasileiro como patrimônio cultural do país. Mas não foi cogitado como uma coisa imediata, apenas como ideia a ser amadurecida - concluiu o ministro.
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