O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou no sábado (28), por meio de nota oficial, que recomendará à Furnas Centrais Elétricas, ligada ao ministério, que suspenda a troca no comando do fundo de pensão dos funcionários da estatal.

O fundo, administrado pela Fundação Real Grandeza, tem patrimônio de R$ 6,3 bilhões e 12,5 mil filiados.

O anúncio da troca na diretoria provocou reação entre funcionários e aposentados.

A direção de Furnas disse que o fundo não passava informações sobre aplicações, o que seria o motivo da mudança. A Fundação Real Grandeza, por sua vez, acusou o PMDB, partido do ministro, de interesse nos cargos.

Na sexta (26), haveria uma reunião do conselho da fundação sobre o tema, mas foi cancelada a pedido do ministro.

Na nota, o ministério diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi comunicado sobre a decisão de recomendar a suspensão da troca na direção.

 

"O ministro tomou a iniciativa de informar ao excelentíssimo senhor presidente da República sobre a condução do assunto e sua disposição de recomendar a suspensão da mudança, até o termino dos atuais mandatos já prorrogados, o que se dará em outubro deste ano. O senhor presidente da República aprovou integralmente a posição do ministro." 

Ainda na nota divulgada, Edison Lobão indica que a decisão final deve ser tomada pela estatal. "O ministro Edison Lobão mantém o entendimento de que o assunto deve ser tratado no âmbito da direção das patrocinadoras Furnas e Eletronuclear com a Fundação Real Grandeza, seguindo-se o que estabelecem as regras legais e estatutárias."

Os sindicatos do setor energético, que têm base de atuação nas estatais da área, estão promovendo manifestações para evitar a substituição de diretores do Fundo Real Grandeza.

O ministério alega que Furnas não recebe as informações sobre as aplicações financeiras do fundo desde outubro do ano passado.

PMDB

O conselheiro da Fundação Real Grandeza Jeovah Machado, eleito pelos empregados aposentados, disse que há atuação partidária em Furnas. "O que está se querendo é usar o patrimônio da fundação a favor de interesses escusos. Basta consultar as pessoas que trabalham hoje em Furnas. A atuação partidária é vergonhosa", diz o conselheiro.

O presidente da Câmara, deputado Michel Temer, que preside o partido em esfera nacional, negou que o PMDB tenha interesse nos cargos: “Não é o PMDB, não, é uma questão administrativa do Ministério das Minas e Energia e Furnas, não é uma questão do PMDB, eu deixo isso muito claro”, afirmou Temer.

Veja a íntegra da nota divulgada pelo Ministério de Minas e Energia:

"NOTA À IMPRENSA: FUNDAÇÃO REAL GRANDEZA

28 de fevereiro de 2009

Tendo em vista o noticiário veiculado na imprensa envolvendo o MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, FURNAS e a FUNDAÇÃO REAL GRANDEZA, esta Asssessoria esclarece:

1 – O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, foi informado pela direção de FURNAS sobre dificuldades no relacionamento com a diretoria da FUNDAÇÃO REAL GRANDEZA, as quais poderiam ser prejudiciais à administração da Fundação, da qual é uma das patrocinadoras. Considerando que o assunto é da competência da direção de FURNAS, o ministro recomendou cuidados no manejo do tema, principalmente em relação à escolha de substitutos, devendo-se preservar os critérios técnicos e a gestão da Fundação;

2 – Mais tarde a direção de FURNAS informou que a substituição de diretores se daria por empregados de carreira da Empresa, com larga experiência administrativa e financeira. Essa mudança deveria ser proposta ao Conselho Deliberativo da Fundação, em reunião marcada para o dia 26 do corrente;

3 – Posteriormente, ciente de que a proposta de mudança na diretoria da REAL GRANDEZA provocara reações diversas por parte da associação dos aposentados e dos sindicatos representantes dos empregados de FURNAS, com possivel repercursão nos serviços de energia elétrica, o ministro tomou a iniciativa de informar ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República sobre a condução do assunto e sua disposição de recomendar a suspensão da mudança, até o termino dos atuais mandatos já prorrogados, o que se dará em outubro deste ano. O Senhor Presidente da República aprovou integralmente a posição do Ministro;

4 – Em contatos telefônicos com as presidências da ELETROBRÁS, de FURNAS e da ELETRONUCLEAR, o ministro recomendou o adiamento da reunião do Conselho da Fundação;

5 – Por último, o ministro Edison Lobão mantém o entendimento de que o assunto deve ser tratado no âmbito da direção das patrocinadoras FURNAS e ELETRONUCLEAR com a FUNDAÇÃO REAL GRANDEZA, seguindo-se o que estabelecem as regras legais e estatutárias.

Brasília, 28 de fevereiro de 2009