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Delegado e PMs são presos por extorquir e 'condenar' traficantes no AM

Terra

 Um delegado da Polícia Civil, cinco policiais militares e um ex-PM foram presos nesta quarta-feira, em Manaus, por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. Segundo as investigações da operação Tribunal de Rua, os policiais extorquiam suspeitos de tráfico de drogas para que eles não fossem presos e os "condenavam" nas ruas. Um PM segue foragido.

Os mandados de prisão começaram a ser cumpridos no início da manhã, após cinco meses de investigação realizada pela Secretaria de Estado Adjunta de Inteligência (Seai). Foram presos o delegado Oscar Cardoso, o sargento da PM Einar Magalhães Ribeiro, o cabo José Samuel Spener e os soldados Ronaldo Bacuri Machado, Nadison de Souza Miranda e Donato Paz da Silva. O ex-policial militar Wanderlan Fernandes de Oliveira também foi preso. Até o meio-dia desta quarta-feira, ainda faltava ser cumprido o mandado de prisão contra o soldado Williame de Souza Castro.

"Há cinco meses, um ex-presidiário denunciou ter sido extorquido em R$ 50 mil pelo delegado para não ser preso novamente por tráfico de drogas. A partir dessa denúncia, passamos a investigar, e outras denúncias foram chegando. Passamos a monitorar o grupo e confirmamos que eles, assim como diz aquela música do grupo O Rappa (Tribunal de Rua), iam às ruas julgar e condenar os traficantes", explicou Thomaz Vasconcelos, secretário adjunto de inteligência.

Segundo as investigações, o grupo extorquia traficantes sequestrando parentes deles. Entre os materiais apreendidos durante a operação, estava um carro de luxo dado por um dos traficantes como pagamento pela extorsão. Também foram apreendidas armas, munições e drogas.

Suspeitos integravam força-tarefa contra tráfico
Três dos suspeitos presos integravam uma força-tarefa policial criada pessoalmente pelo secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Paulo Roberto Vital. O delegado Oscar Cardoso, o sargento Magalhães e o cabo Spener foram selecionados pelas polícias Civil e Militar para integrar o grupo de policiamento e investigação que tinha comando direto do secretário e atuava, principalmente, contra o tráfico de drogas.

"A secretaria lamenta a participação desses agentes de segurança nessas ilicitudes, mas estamos cortando na própria carne para mostrar que não há corporativismo em proteger quem comete crimes", disse o secretário de Segurança do Estado, Paulo Roberto Vital.

"Foi uma surpresa o envolvimento do delegado (Oscar Cardoso) nesse grupo criminoso. Ele tem uma ficha de bons serviços na polícia, por isso era um dos delegados que comandavam a força tarefa da secretaria de Segurança Pública", lamentou o delegado geral de Polícia Civil, Josué Rocha.

O delegado Oscar Cardoso ficará preso na delegacia geral, no bairro Dom Pedro, na zona centro-oeste de Manaus. Os PMs serão encaminhados ao batalhão de guarda da corporação, no bairro Monte das Oliveiras, na zona norte. Já o ex-PM será encaminhado à cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus. Eles devem ser indiciados pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, corrupção ativa e extorsão mediante sequestro.
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