Imprimir

Notícias / Brasil

"O PCC é uma realidade", diz secretário de Segurança Pública de São Paulo

R7

 O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, declarou nesta segunda-feira (14), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, que a secretaria e o governo do Estado já tinham conhecimento dos planos de ataque contra o governador Geraldo Alckmin, revelados por escutas telefônicas de uma investigação conduzida pelo MPE (Ministério Público Estadual) e divulgados na semana passada.

Grella disse também que é necessário atuar em várias frentes para que a polícia e a secretaria possam identificar os líderes e os integrantes de facções criminosas. Todavia, ele preferiu não opinar sobre os números que apontam para um domínio da facção criminosa, que teria 6.000 integrantes apenas no sistema prisional, de um total de 7.800 integrantes.

— Na verdade, não faço avaliação quanto a números, mas o PCC é uma realidade que ser enfrentada. Talvez não tenha a dimensão e não quero fazer juízo de valor nesse momento sobre números, mas é uma realidade e tem que ser enfrentada, que é o que estamos fazendo. Estamos investindo fortemente na área de inteligência, colhendo informações, realizando uma atuação integrada para garantir a normalidade.

Ainda na manhã desta segunda-feira, o governador se encontrou com a cúpula de Segurança do Estado para debater medidas em relação à atuação das facções criminosas dentro dos presídios. Entre as ações do governo estadual está o pedido de transferência para regime diferenciado de 35 criminosos — que seriam levados a penitenciárias de segurança máxima do Estado. Em primeira instância, a solicitação foi negada, mas o governo vai recorrer.

Segundo Grella, dois criminosos já tiveram a transferência de regime. O secretário enfatizou ainda que a polícia está pronta para lidar com uma eventual nova onda de ataques do PCC, como a ocorrida em 2006.

— Estamos preparados, trabalhando junto com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), com a PM (Polícia Militar) e Polícia Civil, com o Cisp (Centro Integrado de Inteligência em Segurança Pública), fazendo todo o acompanhamento. As polícias estão atentas e estão preparadas para qualquer situação.

Alckmin fala sobre força tarefa e bloqueadores

Na mesma entrevista coletiva, o governador Geraldo Alckmin anunciou também uma força tarefa que envolve a Polícia Militar, Polícia Civil, SAP e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) com o objetivo de monitorar o crime organizado e as ações das facções criminosas. O grupo vai trabalhar “24 horas por dia” com foco na inteligência contra o crime.

Além disso, o governador espera implantar, até dezembro deste ano, um sistema de bloqueadores de celulares nos 23 presídios que estão sob responsabilidade do governo do Estado. Segundo o governador, isso ainda não foi feito em "razão de uma limitação técnica".

— Já havíamos iniciado testes no primeiro semestre. Nunca se teve uma tecnologia adequada: ou não bloqueava, ou bloqueava o bairro inteiro, já que há cadeias que ficam em regiões com vizinhança. Sempre que pedíamos apoio à área tecnológica, às operadoras de telefonia, eles diziam que o negócio deles era levar sinal, e não retirar. Sempre tivemos dificuldades. No primeiro semestre fizemos vários testes, em Pinheiros, Belém e Guarulhos, com acompanhamento da Anatel, e eles foram positivos. Imediatamente abrimos licitação.

Alckmin declarou também que já há uma equipe mobilizada para averiguar o envolvimento de policiais com o crime organizado e, caso seja comprovada participação, todos "serão punidos conforme a lei". Grella informou que neste ano, mais de cem policiais militares e civis foram afastados de seus cargos sob suspeita de envolvimento com o crime.

Em relação a sua segurança pessoal, Alckmin voltou a dizer que não irá aumentar seu efetivo de segurança.

— Já temos uma segurança mínima, que eu já acho suficiente, então não teremos nenhuma alteração. Eu até perguntei lá em Aparecida (durante visita no fim de semana), verifiquei que havia mais segurança, e me foi dito que foi a Basílica quem pediu.
Imprimir