Imprimir

Notícias / Educação

Abraji repudia agressão contra fotógrafo durante protesto no Rio

Terra

 A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou nesta quinta-feira um novo episódio de agressão envolvendo repórteres que cobrem as manifestações ocorridas no Rio de Janeiro. Na última terça-feira, Pablo Jacob, repórter fotográfico do jornal carioca O Globo, foi agredido por policiais militares enquanto acompanhava o protesto, que terminou de forma violenta. A agressão foi registrada por Alexandro Auler, que cobria a manifestação como freelancer.

“A Abraji repudia este novo episódio de agressão, documentado em foto. Desde o começo dos protestos, em junho, houve pelo menos 85 casos de repórteres agredidos, hostilizados ou presos. Deste total, 20 ocorrências (agressões e hostilidade) envolviam manifestantes, e 65, policiais (agressão, hostilidade ou detenção)”, diz a nota.

A entidade também ressaltou a importância do trabalho da imprensa para a democracia. “A Abraji condena todos os atos de violência e lamenta que a imprensa siga sendo alvo tanto de manifestantes quanto de agentes do Estado. Tentar cercear o trabalho da imprensa é atentar contra o direito à informação e um risco para a democracia.”

Ontem, a direção da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também divulgou nota de repúdio à prisão do estudante da instituição Ciro Brito Oiticica, durante a manifestação. Segundo a universidade, Ciro cobria as cenas de conflito na Câmara Municipal e foi “preso arbritrariamente” com um grupo de pessoas.

Além de Ciro, o repórter fotográfico de uma mídia independente Ruy Barros, 23 anos, também foi detido na noite do protesto. Ele disse que foi acusado de ter provocado incêndio, roubo e crime à segurança nacional.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus. A mobilização surtiu efeito e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas – o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. "Essas vozes precisam ser ouvidas", disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Imprimir