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Mulheres e adolescentes são as maiores vítimas do tráfico de pessoas, diz pesquisa

Da Redação - Max Aguiar

O Ministério da Justiça divulgou na tarde da última sexta-feira (1º/11) o estudo que aponta haver grande incidência de tráfico de pessoas para fins de trabalho escravo nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Pará, Amazonas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os dois últimos Estados também aparecem ao lado do Amapá, Pará e Roraima como regiões com alto índice de tráfico para exploração sexual.

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Em Cuiabá o caso de tráfico de pessoas que mais chamou atenção aconteceu em maio desse ano. Uma mulher, que teria vindo da Bahia, raptou um bebê no Pedra 90 e iria vende-lo para traficar os órgãos para fora do Brasil. A Polícia Civil agiu com rapidez e fez a detenção da suspeita, em menos de 24 horas.

A mulher tinha vestida a criança, que era do sexo masculino, como uma menina e já estava de passagem comprada para exporta a criança para o Nordeste, que seria o ponto final dele até a ida para a Europa. Hoje a mulher está detida no presídio Ana Maria do Couto e espera por julgamento em regime fechado.  

A pesquisa antecipa o lançamento da terceira fase da campanha Coração Azul, de combate ao tráfico de pessoas, que será lançada na próxima segunda-feira. Desde o início da campanha, o número de denúncias teve um aumento de 1.500%.

O levantamento analisou a situação nos onze Estados brasileiros que fazem fronteiras com outros países: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Segundo os dados divulgados, mulheres, adolescentes e crianças somam 75% das vítimas do tráfico de pessoas.

Para o Ministério da Justiça o tráfico de pessoas é um crime subterrâneo, de difícil detecção, o que dificulta o trabalho da polícia. 

“Essa pesquisa nos mostra a existência de uma cultura permissiva, a indicação de que em algumas regiões é normal o tráfico de pessoas. A ausência de denúncias exprime a vergonha das vítimas. A pesquisa também identifica o fato de que, muitas vezes, o aliciador é considerado um aliado da vítima, como alguém que quer ajudá-la. O esforço do governo em fazer a pesquisa é tentar colocar claro o que temos disponível. Delito subterrâneo é delito que não se combate. Precisamos colocá-lo à luz do sol”, disse José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça.

A dificuldade de identificar as vítimas e os criminosos é ressaltada pela falta de números confiáveis. De acordo com o estudo, entre 2005 e 2011, o governo identificou apenas 475 brasileiros vítimas de tráfico internacional de pessoas. Destes, 337 foram vítimas da modalidade exploração sexual e 135 de trabalho escravo, além de três pessoas cuja forma de exploração é ignorada.


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